A identidade libanesa, o protagonismo sociopolítico do país e a sua neutralidade reconhecida pela comunidade internacional são abordados na obra

Organizado por Miguel Mahfoud, professor aposentado do Departamento de Psicologia da UFMG, e André Luis Pereira Miatello, docente do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG, acaba de ser lançado o livro Coexistência como identidade: a neutralidade do Líbano. A obra compila artigos de autores do Líbano, do Brasil, dos Estados Unidos, do Egito, da Itália e da Argentina, advindos de diferentes campos do saber, como a História, o Direito, a Filosofia, as Relações Internacionais, a Sociologia, a Diplomacia e a Educação. Eles representam, também, os diversos grupos religiosos constitutivos da complexa sociedade libanesa, como os cristãos, os muçulmanos e os drusos.

Na obra, esses autores buscam contribuir com o atual debate internacional sobre a identidade do Líbano como espaço de “coexistência multicultural e multirreligiosa”, conforme se explica em sua sinopse, “e seu decorrente estado de neutralidade reconhecido pela comunidade local e internacional como fatores determinantes para o enfrentamento da crise econômica e política em curso”, com vistas à construção da paz regional e mundial.

Neutralidade e coexistência
O livro está organizado em três partes. A primeira concentra-se no debate sobre a neutralidade do Líbano. Nela são analisados, entre outros temas, o valor estratégico do país no tabuleiro da política externa saudita-iraniana e os desafios – internos e externos – à sua neutralidade.

Esta primeira parte também contém uma entrevista feita por Miguel Mahfoud com o diplomata e escritor Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda durante o governo Itamar Franco, entre 1993 e 1994, e embaixador do Brasil na Itália, em 1995.

Na segunda parte, denominada Neutralidade e coexistência na História, a neutralidade é debatida teoricamente à luz da história e da coexistência religiosa. Na terceira parte, denominada Coexistência testemunhada, são apresentados exemplos empíricos dessa coexistência.

Exposição
No dia do lançamento do livro, 3 de agosto, foi aberta a exposição fotográfica Beirute, o caminho dos olhares, do fotógrafo libanês Dia Mrad, na galeria de arte Paulo Campos Guimarães, no andar térreo da biblioteca. Nas suas fotografias, Dia Mrad retrata os restos pulverizados da capital do Líbano no dia seguinte à explosão do seu porto, em 4 de agosto de 2020. Considerada a segunda maior explosão não nuclear da história humana, a tragédia destruiu metade da cidade, tirou a vida de duas centenas de pessoas e feriu outras milhares.

Ficha técnica:
Coexistência como identidade: a neutralidade do Líbano
Organização: Miguel Mahfoud e André Miatello
Páginas Editora
298 páginas | R$ 89