Projeto de pesquisa da Escola de Enfermagem UFMG avalia as repercussões da infecção por Sars-Cov-2 no parto e aleitamento materno

Este mês, conhecido como Agosto Dourado, tornou-se simbólico na promoção do aleitamento materno no Brasil e no mundo. O aleitamento é considerado um dos principais fatores para redução da mortalidade neonatal e infantil, além de ser a forma mais econômica e a melhor intervenção para redução da morbidade nos primeiros anos de vida da criança. Com o objetivo de avaliar as repercussões da infecção por Sars-Cov-2 no trabalho de parto, parto, nascimento e na manutenção do aleitamento materno, está sendo desenvolvido um projeto de pesquisa na Escola de Enfermagem da UFMG (EEUFMG), que conta com a participação de professores e egressos dos cursos de Enfermagem, Nutrição, Gestão de Serviços de Saúde e Estatística.

A professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da EEUFMG Fernanda Penido Matozinhos, que coordena o projeto, explicou que o estudo é epidemiológico, longitudinal, do tipo coorte retrospectiva e prospectiva, de base hospitalar curta, e que será realizado com puérperas e seus filhos nascidos em três hospitais públicos de Belo Horizonte, Minas Gerais, e uma unidade de saúde de Matosinhos, Portugal.

“A pesquisa compreenderá mulheres que tiveram seus filhos nos respectivos hospitais nos 2 meses de maior incidência da covid-19 no primeiro semestre de 2020. A infecção por Sars-Cov-2 será verificada por meio do prontuário das puérperas disponibilizados pelos hospitais e por meio de relato via telefônico. As práticas realizadas na assistência ao parto e nascimento, a via de nascimento e o aleitamento serão os desfechos principais de investigação. Pretende-se avaliar no período de três e seis meses de seguimento a probabilidade da manutenção do aleitamento materno (exclusivo, complementar e misto) após o nascimento”.

O primeiro local avaliado será o Hospital Risoleta Tolentino Neves, cujo patrimônio pertence ao Estado de Minas Gerais e está sob gestão da UFMG e da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). Constitui-se como unidade de referência na área da urgência e emergência e materno- infantil para a região norte de Belo Horizonte e metropolitana da capital de Minas Gerais e atende uma média de 250 partos ao mês.

O segundo, Hospital Sofia Feldman, refere-se a uma instituição filantrópica, localizada no Distrito Sanitário Norte, na periferia de Belo Horizonte, e atende a uma população superior a 400 mil habitantes. Além de ser referência para a cidade e sua região metropolitana, atende a outros municípios do interior do Estado, recebendo as usuárias por meio da Central Reguladora da Secretaria Municipal de Saúde de BH. É especializado na assistência à saúde da mulher e do recém-nascido. Este hospital é referência para o Ministério da Saúde (MS) devido às boas práticas de atenção ao recém-nascido e a implementação da estratégia Rede Cegonha. Atende uma média de 900 partos ao mês (Sofia Feldman, 2019).

O Hospital e maternidade Júlia Kubitschek é uma instituição referência para os casos covid-19. Atende uma média de 260 partos ao mês.

O quarto campo de investigação se refere à Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM). O hospital é acreditado pela United Nations Children's Fund (UNICEF) como hospital amigo da criança, tem médio porte e atende uma média de quatro partos ao dia.

Seleção da amostra

De acordo com Fernanda Penido, a amostra será calculada conforme o número médio de nascimentos mensais e para garantir sua representatividade, com nível de significância de 5% e poder de 95%.

“As puérperas, juntamente com os seus filhos, serão selecionadas por sorteio aleatório a partir do livro de registro e parto e posteriormente serão acessados seus prontuários disponíveis nos hospitais. Serão também consideradas para o cálculo da amostra as diferenças no número de nascidos vivos em fins de semana e dias úteis, um mínimo de sete dias consecutivos será exigido por hospital, além de considerar o mês e turno do parto”, ressaltou.Após a coleta de dados no prontuário, as mulheres serão acompanhadas por meio de contato telefônico.

Coleta de dados

A coleta de dados será realizada por profissionais devidamente capacitados e ocorrerá em duas etapas: nos prontuários das instituições e o seguimento por meio de entrevista por telefone às puérperas, utilizando 2 questionários semiestruturados, sendo um adaptado da pesquisa Nascer em Belo Horizonte: Inquérito sobre o parto e nascimento e o outro elaborado pelos pesquisadores.

Segundo Fernanda Penido, serão consideradas variáveis sociodemográficas, clínicas, de estado de saúde, obstétricas, e informações específicas sobre o aleitamento materno (tipo, dificuldades, interferências, doação de leite, aleitamento na 1ª hora de vida).

“Dentre os desfechos principais desse estudo, tem-se as intervenções durante o trabalho de parto e parto, a via de nascimento, o desfecho do parto e o aleitamento materno. As puérperas serão divididas em três grupos: as que amamentam exclusivamente, com amamentação mista e as que não amamentam, conforme critérios da Organização Mundial da Saúde. Quanto aos resultados esperados e dos produtos pretendidos da presente proposta, destacam-se aspectos, como: Trocas e aprendizados no tema, Produção do conhecimento, Ensino e Apoio à gestão”, concluiu Fernanda.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

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