Projetos da UFMG oferecem apoio a pais de pessoas com autismo na pandemia

Dois projetos desenvolvidos na UFMG têm o trabalho voltado para o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O Programa de Atenção Interdisciplinar ao Autismo (Praia), uma iniciativa das professoras Ana Amélia Cardoso e Maria Luísa Nogueira Magalhães, promove a acessibilidade de conhecimento científico em intervenções interdisciplinares para pessoas com TEA. Já o Laboratório de Investigação e Intervenção no Desenvolvimento na Infância e Adolescência (Idea) é um projeto de pesquisa que busca contribuir na informação de pais de crianças e jovens com transtornos de desenvolvimento e formas de intervenção efetivas. Ambos os programas conseguem um engajamento ativo.

A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data celebra e reafirma a importância de combater o desconhecimento em relação ao TEA e quebrar paradigmas para uma maior inclusão e participação de pessoas com o transtorno na sociedade.

O autismo é uma condição muito diversa e afeta o desenvolvimento de cada pessoa em graus diferentes. Contudo, o cenário pandêmico impactou de forma generalizada ao impor uma realidade muito diferente para o acompanhamento dessas pessoas e, também, nas ações de conscientização da sociedade.

Os impactos do isolamento social, associados à falta de informação sobre o autismo, têm gerado dúvidas em alguns pais na identificação de indícios de algum transtorno de desenvolvimento. Uma das coordenadoras do projeto Praia e professora do Departamento de Psicologia da UFMG, Maria Luísa Nogueira, frisou que os critérios de diagnósticos não mudam diante da pandemia e, caso a criança apresente os sinais de comportamento indicativo, é necessário o encaminhamento a um especialista.

“Os critérios para o diagnóstico do autismo não mudaram frente à pandemia, no entanto, o desenvolvimento infantil, provavelmente, está sofrendo um impacto diante de tantas restrições, de qualquer forma, se a criança apresentar atraso de linguagem, por exemplo, ela precisa ser encaminhada para um especialista”, comentou.

As intervenções para pessoas com TEA seguiram adaptações desenvolvidas para o funcionamento remoto durante o isolamento social. As Instruções e Intervenções Assistidas pela Tecnologia (TALL) são uma forma de ação, utilizam-se de equipamentos tecnológicos para levar aprendizado às crianças e está sendo um recurso para o tratamento remoto, sempre considerando o tempo adequado em frente à tela. Os recursos visuais, principalmente, têm recebido destaque, uma vez que muitos autistas são considerados pensadores visuais e os artifícios imagéticos podem auxiliar muito a criança na compreensão do atual cenário pandêmico e dos novos padrões higiênicos.

A professora Maria Luísa Nogueira comenta sobre a importância de gadgets e aplicativos de caráter complementar, mas que as ações sociais interativas são imprescindíveis e podem ser realizadas de forma segura apenas com os familiares responsáveis.

“As interações sociais são essenciais para o desenvolvimento da criança, no entanto, as tecnologias podem ser utilizadas desde que não sejam em substituição, elas podem ser complementares”, comenta.

Algumas formas indicadas para promover o contato e interação foram incorporar a criança em atividades rotineiras da casa e reservar momentos de qualidade para brincadeiras. A pesquisadora do projeto Idea UFMG, a professora Ana Amélia Cardoso, do Departamento de Terapia Ocupacional da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG, também ressaltou a importância do contato e interação com a família como forma de auxiliar nos tratamentos profissionais possíveis de se fazer nesse momento.

“A comunicação acontece ao longo do dia, em diversas situações, então, é impossível estimular a comunicação apenas em atendimentos especializados (seja de TO [terapia ocupacional], fonoaudiologia etc.) e os profissionais sempre orientam as famílias sobre estratégias e atividades para estimular a criança em casa”, comentou.

Os familiares e responsáveis não precisam ficar com toda a carga de intervenção. Muitos dos tratamentos que antes eram presenciais, como a terapia ocupacional, foram adaptados para o formato on-line, de modo síncrono e assíncrono, com o tempo e a frequência adaptados para maior efetividade sem cansar a criança. O resultado de todas essas formas de intervenção consegue auxiliar no desenvolvimento dos jovens e crianças com TEA e é sempre importante enfatizar que o tratamento medicamentoso é prescrito somente pelo médico.

O projeto Praia é ativo no Instagram, onde promove conscientização por meio  de campanhas e divulgação científica. Já o Idea pode ser acessado pelo site.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG

www.eeffto.ufmg.br