Tese defendida na Ciência Política da UFMG vence edição especial do Prêmio Capes de Tese

João Paulo Nicolini Gabriel investigou como o regime de não proliferação nuclear da Guerra Fria prejudicou aspirações de potências emergentes

O pesquisador João Paulo Nicolini Gabriel, autor da tese A armadilha de potência média e a luta pelo status: como o regime de não proliferação prejudicou as aspirações de potências regionais emergentes, defendida em dezembro de 2023 no Programa de Pós-graduação em Ciência Política (PPGCP) da UFMG, venceu o galardão especial atribuído pelo Prêmio Capes de Tese em parceria com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil. A entrega da premiação ocorreu na quinta-feira, 12 de dezembro, em Brasília, na cerimônia de entrega do Grande Prêmio Capes de Tese.

Em razão do prêmio pela parceria da Capes com o Ministério das Relações Exteriores, João Paulo recebeu da Capes uma bolsa de pós-doutorado em nível internacional no valor mensal de 2.100 dólares, com duração de nove meses. Além disso, o Ministério das Relações Exteriores também premiou o pesquisador com a publicação de seu trabalho pela editora da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), entidade pública que edita obras de excelência sobre a história diplomática, as relações internacionais e a política externa do Brasil.

O doutorado de João Paulo foi orientado por Dawisson Elvécio Belém Lopes, professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG, e por Pierre Vercauteren, professor de ciências econômicas, sociais e políticas na Universidade Católica da Lovaina, na Bélgica. A tese que resultou de sua pesquisa foi defendida simultaneamente nas duas universidades, em sistema de cotutela e dupla titulação. Na Bélgica, João Paulo teve ainda o acompanhamento de Elena Aoun como coorientadora. Ela é professora das mesmas universidades e área de Pierre Vercauteren.

Escape da armadilha: investimento em C&T
Na tese A armadilha de potência média e a luta pelo status: como o regime de não proliferação prejudicou as aspirações de potências regionais emergentes, João Paulo aprimora a compreensão que o campo da Ciência Política tem das relações internacionais no tocante às disputas nacionais por status e à estigmatização de nações emergentes. Mais especificamente, João Paulo investigou se o estabelecimento de regimes internacionais gera efeitos colaterais no desenvolvimento científico de potências regionais emergentes, como o Brasil.

“Na prática, minha tese trata do desenvolvimento da ciência e tecnologia em países emergentes como o Brasil e a Índia. A partir de um estudo de caso relacionado à questão nuclear, tento demonstrar que o investimento em ciência e tecnologia é necessário para que países como o Brasil possam superar suas relações de dependência na importação de conhecimentos. Em jogo está a ideia de que é possível se tornar uma grande potência a partir da ciência e tecnologia produzida nacionalmente”, explica o pesquisador.

João Paulo tratou dessa questão macro a partir de um mergulho no Regime de Não Proliferação Nuclear que se estabeleceu durante a Guerra Fria, período em que vários Estados demonstravam interesse no campo nuclear. “Por meio de um design de pesquisa qualitativa para avaliar o raciocínio por trás da relutância das potências regionais emergentes em obedecer às regras de não proliferação, este estudo revela a existência de um mecanismo causal em nível estrutural chamado de Armadilha das Potências Médias”, anota o pesquisador no resumo de seu trabalho.

Leia a tese completa de João Paulo na Biblioteca de Teses e Dissertações da UFMG.

(Com base em texto de Ewerton Martins Ribeiro para o Portal UFMG)

Assessoria de Imprensa UFMG

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