Coberturas especiais

Abertura da Semana do Conhecimento aborda relação entre IA, sustentabilidade e democracia

Professor emérito da UFMG, Nívio Ziviani explicou o conceito de inteligência artificial e como a sociedade precisa se preparar para lidar com a evolução tecnológica

Ziviani: IA pode ajudar no desenvolvimento sustentável e na defesa da democracia
Ziviani: IA pode ajudar no desenvolvimento sustentável e na defesa da democracia Foto: Foca Lisboa | UFMG

Na manhã desta segunda-feira, 23, o auditório 101 do CAD3, no campus Pampulha, sediou a conferência Inteligência artificial e democracia: navegando pelas fronteiras do desenvolvimento tecnológico, que integrou a abertura da 32ª edição da Semana  do Conhecimento. Em sua fala, o professor emérito da UFMG Nívio Ziviani, vinculado ao Departamento de Ciência da Computação (DCC), explicou o conceito de inteligência artificial (IA) e destacou como a sociedade precisa se preparar para lidar com essa nova tecnologia.

Ziviani iniciou sua apresentação esclarecendo que a inteligência artificial trata da capacidade de os computadores aprenderem sem ser explicitamente programados. Essa habilidade, segundo o professor, possibilita que computadores e máquinas sejam programados "mesmo que nós, humanos, não saibamos como realizar uma tarefa". Segundo ele, o computador aprende a partir de dados, "a coisa mais preciosa que existe hoje no planeta". "É como se os dados fossem o novo petróleo", comparou.

O professor exemplificou essa capacidade de aprendizado das máquinas com a exibição de um trecho de uma apresentação de drones que se mantinham no ar enquanto formavam imagens diversas. "Os drones foram programados para aprender a voar e se manterem no ar, apesar de todas as adversidades naturais, como o vento ou o excesso de máquinas no ar. Aqui, temos um bom exemplo de máquinas que desenvolveram certo aprendizado."

IA e outras tecnologias
A IA tem algumas características importantes que a diferenciam de outras tecnologias, disse Ziviani. Ele citou o pesquisador referência na área, Yuval Harari, cuja teoria afirma que as tecnologias anteriores ajudavam o homem a tomar melhores decisões, enquanto a IA  tem a capacidade de tomar decisões sozinha, sem a interferência humana.

Professor do DCC deu exemplos de como IA se relaciona à sustentabilidade e à democracia
Nívio Ziviani explicou conceito de IAFoto: Foca Lisboa | UFMG

"Podemos dizer que o aprendizado de máquina é a principal subárea da inteligência artificial. Por meio da IA, nós abandonamos uma ciência puramente matemática para adentrarmos em uma ciência natural. Os humanos entendem como realizar tarefas, mas nem sempre conseguem verbalizar os procedimentos por trás dessas tarefas. Daí a importância da IA", acrescentou. 

Depois de dar exemplos de como a IA possibilita às pessoas gerar textos, artigos, poemas e imagens, além de propiciar análise de dados, criação de cenários e tradução de idiomas, o professor concluiu sua apresentação afirmando que a IA generativa está por trás de toda a evolução vivida pela sociedade. Ele também destacou a relação entre essa tecnologia, a sustentabilidade e a democracia.

"No caso do desenvolvimento sustentável, a IA pode ser usada em estratégias de eficiência energética, na agricultura inteligente e no monitoramento ambiental. Em se tratando da democracia, ela pode nos ajudar a lidar com o viés algorítmico, que exclui e discrimina certos grupos, com a manipulação da opinião pública e com a integridade dos processos democráticos, como as eleições", concluiu.

O pró-reitor de Pesquisa, Fernando Reis, a reitora Sandra Regina Goular Almeida, o vice-reitor Alessandro Moreira, e a pró-reitora adjunta de Pesquisa, Jacqueline Takahashi
O pró-reitor de Pesquisa, Fernando Reis, a reitora Sandra Goulart Almeida, o vice-reitor Alessandro Moreira e a pró-reitora adjunta de Pesquisa, Jacqueline Takahashi, na abertura da Semana do ConhecimentoFoto: Foca Lisboa | UFMG

Democracia
No início da cerimônia de abertura da Semana do Conhecimento, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida deu boas-vindas aos presentes e agradeceu ao empenho de todas as pró-reitorias e diretorias da UFMG envolvidas na realização da Semana. 

Sandra Goulart relembrou o Dia de luta pela democracia brasileira, evento ocorrido no dia 6 de outubro e que marcou o aniversário da Constituição de 1988. "A temática desta Semana do Conhecimento marca o importante papel da nossa Universidade em defesa da democracia brasileira. A democracia é o segundo nome da UFMG", disse. 

Geane destacou os perigos da desinformação
Geane destacou os perigos da desinformação Foto: Raphaella Dias | UFMG

Dando continuidade ao tema, o público assistiu à mesa Desafios da desinformação para a democracia, que reuniu os professores Marco Antônio Sousa Alves, da Faculdade de Direito, e Geane Alzamora, do Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). Geane explicou que a desinformação é uma distorção ética e que é necessário relacioná-la à conduta pessoal dos indivíduos e aos propósitos coletivos, pois esses são aspectos que favorecem a divulgação da desinformação. 

"A desinformação traz consequências graves, como a ausência de um horizonte comum de comunicação, o desprezo pelas instituições, os discursos de ódio, a intolerância e a falta de empatia. Todas as nossas interações são mediadas pelas tecnologias, então precisamos entender que a comunicação contemporânea é transmidiática, ou seja, a produção é dispersa, a distribuição é multiplataforma, e a circulação é impulsionada pelos algoritmos e pela ação cotidiana dos indivíduos", disse.   

Semana do Conhecimento
Até sexta-feira, 27, a Semana  do Conhecimento vai reunir trabalhos vinculados ao ensino, à pesquisa e à extensão, produzidos por estudantes e servidores docentes e técnico-administrativos da UFMG. 

O tema desta edição, a segunda realizada presencialmente desde a pandemia, é Desenvolvimento sustentável e democracia na era da inteligência artificial, em consonância com a 20ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A 32ª edição da Semana do Conhecimento reúne a 32ª Semana de Iniciação Científica e o 13º Seminário de Iniciação Científica Júnior, promovidos pela Pró-reitoria de Pesquisa (PRPq), o 26º Encontro de Extensão e a mostra virtual Pesquisa e extensão na Rede de Museus, organizados pela Pró-reitoria de Extensão (Proex), a 27ª Semana da Graduação, da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), e a 13ª Jornada de Apresentação do Conhecimento Produzido pelos Servidores, a cargo da Pró-reitoria de Recursos Humanos (PRORH). 

A programação inclui também o 6º Encontro de Mobilidade Internacional da UFMG, organizado pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI), nos dias 25 e 26, e o 8º Seminário do Programa de Apoio à Inclusão e Promoção da Acessibilidade (Pipa), promovido pelo Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) da Universidade.

A programação da Semana do Conhecimento está disponível no site do evento.

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Imagem: Divulgação

Luana Macieira