Apubh propõe união em defesa da UFMG
Foi com grande indignação que a diretoria do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH) recebeu, logo pela manhã, a notícia de que o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, professor Jaime Arturo Ramírez, a vice-reitora, professora Sandra Regina Goulart Almeida e reitores e vice-reitoras de gestões passadas da Instituição foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Minas Gerais. A ação faz parte de uma operação intitulada pela PF de “Esperança Equilibrista” e que apura irregularidades e suposto desvio de recursos públicos nas obras de construção do Memorial da Anistia Política do Brasil.
Causa estranhamento a forma como a operação foi conduzida pela Polícia Federal que, antes de notificar a UFMG, nos parece informou a imprensa transformando a ação em um espetáculo midiático, a exemplo do que ocorreu em Santa Catarina. Tal atitude estabelece um processo de condenação pública e antecipada daqueles que foram chamados a prestar esclarecimentos, sem qualquer acusação formal. Cria um circo em que coloca em xeque a credibilidade de uma das maiores e melhores instituições de ensino público do país e da América Latina, responsável pelo desenvolvimento de pesquisa de ponta e que possui em seu corpo docente professores e pesquisadores reconhecidos nacional e internacionalmente.
A APUBH entende que os fatos devem ser investigados, para que a verdade surja e a justiça seja feita. Porém, condenamos o uso da “força bruta”, na forma dos mandados de condução coercitiva, pois existem modos mais “educados” para se “convidar” uma testemunha pública, de endereço conhecido e de conduta ilibada para prestar o seu depoimento. O uso destes mandados nos remete à conduta da Polícia no contexto do Estado de Exceção: será que estamos voltando à ditadura? Nos últimos meses, vivenciamos uma sequência de agressões à universidade pública, por meio de cortes orçamentários, suspensão de investimentos, culminando na ação truculenta da PF na manhã de hoje.
Neste difícil momento, por qual passa a UFMG, mais do que cores partidárias, disputas internas por poder na instituição ou em suas unidades, nós temos que nos unir em defesa dessa Universidade que é referência na produção do conhecimento e da luta pelo ensino público, gratuito e de qualidade.
Diretoria da APUBH
06/12/2017