Brasil monitora síndrome que pode estar associada à covid-19
Mais de 300 casos suspeitos de SIM-P já foram notificados em todo o mundo; professora do Departamento de Pediatria falou sobre a síndrome, em entrevista à UFMG Educativa
O Ministério da Saúde passou a notificar, nas últimas duas semanas, casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) em crianças e adolescentes com idade entre sete meses e 16 anos. Desde o último dia 26 de abril, o Sistema Nacional de Saúde da Inglaterra alertou sobre a identificação dessa nova condição clínica em crianças previamente saudáveis, possivelmente associada à covid-19.
O sintoma mais frequente da SIM-P é a febre persistente, acompanhada de um conjunto de outros sintomas, como pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos, comprometimento respiratório, entre outros. Após o alerta inglês, diversos países na Europa e na América do Norte também reportaram casos identificados em crianças e adolescentes. Até o momento, foram notificados mais de 300 casos suspeitos em todo o mundo.
No Brasil, o Ministério da Saúde emitiu um alerta, no dia 20 de maio, em parceria com a Organização Panamericana da Saúde e com a Sociedade Brasileira de Pediatria, chamando atenção dos pediatras para a necessidade de uma identificação precoce da SIM-P no país. Até o dia 31 de julho, foram registrados 71 casos nos estados do Ceará, Rio de Janeiro, Pará e Piauí, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério. Em Minas Gerais, oficialmente, dois casos são investigados, segundo a Secretaria de Estado de Saúde.
Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta terça-feira, 11, a infectologista Lilian Diniz, que é professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, explicou que os sintomas da síndrome se assemelham ao de uma outra doença.
"Essa síndrome lembra muito uma outra doença, conhecida como doença de kawasaki, que tem uma ação sistêmica, que ocorre principalmente com a inflamação dos vasos nas crianças, especialmente naquelas menores de cinco anos", explicou.
Ainda de acordo com a infectologista, ainda é cedo para dizer que a covid-19 está resultando nessa nova síndrome. "Não se sabe, até o momento, se o novo coronavírus é o causador da síndrome. O que há, no momento, é uma associação temporal, entre o aumento de casos da síndrome e a ocorrência da pandemia da covid-19", afirmou.