Cecor restaura manuscrito do ano de 1725
Processo de recuperação do documento está registrado em vídeo
Em 2020, comemora-se o aniversário de 125 anos do Arquivo Público Mineiro (APM), instituição responsável por guardar e conservar documentos públicos, pinturas, esculturas e mobiliário de valor artístico e histórico mineiro. Para celebrar a data, equipe do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da UFMG recuperou um raro documento histórico de Minas Gerais, pertencente ao acervo do APM, intitulado Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar das Congonhas de Sabará (atual Nova Lima).
Todas as etapas da restauração foram filmadas. O vídeo produzido está publicado na plataforma YouTube:
Original de 1725 e repleto de iluminuras (pinturas decorativas aplicadas às letras capitulares), o manuscrito chegou muito deteriorado às mãos da professora Márcia Almada, do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes (EBA). Ela coordenou uma equipe multidisciplinar, que, após lento e cuidadoso trabalho, recuperou a estabilidade funcional do códice (conjunto de folhas articuladas por dobradiças). “As condições materiais em que entregamos à comunidade científica e à população brasileira esse raro documento visam garantir sua perpetuação no tempo", salienta Márcia Almada.
Análises minuciosas
O processo de restauração envolveu exames materiais realizados no Laboratório da Ciência da Conservação (Lacicor) e exames visuais no Laboratório de Documentação Científica por Imagem (ILab), ambos vinculados ao Cecor. Essas análises tiveram o objetivo de possibilitar a restauração digital da pintura do frontispício do códice, que contém uma imagem da adoração do Santíssimo Sacramento, feita com têmpera e aplicações de folhas de ouro, prata e latão.
Os pigmentos utilizados na pintura foram identificados por meio do exame de fluorescência de raio X, e as camadas de aplicação das tintas foram descortinadas com base no exame de Reflectance Transformation Imaging (RTI), técnica implantada no ILab com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).
O projeto foi idealizado por Márcia Almada ainda no ano 2000, mas os trabalhos no Cecor tiveram início somente em 2018. O financiamento foi do CNPq, com bolsas de iniciação científica, e da Capes, por meio do projeto A materialidade dos documentos pintados, que promove a restauração de acervos documentais como ferramenta de pesquisa.