Lazer e esporte

CEU celebra cinco décadas como espaço privilegiado de lazer e esporte

Cerimônia nesta quarta, 8 de março, homenageia colaboradores e ex-diretores do órgão suplementar da UFMG

Centro Esportivo Universitário da UFMG foi inaugurado em 8 de março de 1971
Centro Esportivo Universitário da UFMG foi inaugurado em 8 de março de 1971 Foto: Lucas Braga | UFMG

Nesta quarta-feira, 8 de março, o Centro Esportivo Universitário (CEU) da UFMG completa 52 anos de fundação. A data será marcada por cerimônia que encerra a celebração do cinquentenário do espaço, que deveria ser comemorado durante a pandemia, em março de 2021, período em que não era possível realizar reuniões. Com início às 17h, na área administrativa do CEU, o evento de hoje será marcado por entrega de medalha comemorativa a antigos colaboradores e gestores do espaço e pelo descerramento dos quadros dos ex-diretores Rodolfo Novelino Benda (2014-2016) e Katia Lucia Moreira Lemos (2016-2021).

Diretor do CEU desde 2021, o professor Luciano Pereira da Silva, que ocupava a vice-direção do espaço na ocasião do aniversário de 50 anos, explica que as celebrações foram marcadas, inicialmente, pelo lançamento de um selo comemorativo. “Com a retomada gradual das atividades presenciais, começamos a idealizar e a desenvolver uma série de ações comemorativas, de lazer e culturais, que culminam na cerimônia desta quarta, em que vamos homenagear pessoas que fazem parte da história do CEU”, afirma. 

Luciano Silva: CEU como presente na trajetória
Luciano Silva: marco que não poderia passar em brancoFoto: Foca Lisboa | UFMG

Embora o cinquentenário tenha sido em 2021, Luciano Silva explica que as equipes de gestão do CEU e da UFMG consideraram que as cinco décadas de fundação eram "um marco muito importante, que não pôde ser devidamente comemorado por conta da pandemia, mas que não poderia passar em branco”. “Costumo dizer que o CEU é um presente na minha vida acadêmica e que é um privilégio estar à frente desse espaço em um momento importante como este”, afirma o diretor.

Inaugurado em 8 de março de 1971, o CEU é hoje um órgão suplementar da UFMG, que tem duas missões principais: apoiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão e ser o principal proponente das políticas de esporte e lazer da Universidade. “Nessa primeira função, a gente recebe demandas de toda a UFMG, de uma maneira geral, entre as quais, as de projetos que podem ser realizados em nosso espaço e até mesmo de aulas específicas, que podem ser ministradas em espaços específicos do CEU. Também sediamos atividades sistemáticas, principalmente de projetos de extensão vinculados à área da saúde e, mais notadamente, ao curso de Educação Física”, explica Silva.

Projetos para a comunidade
Entre as atividades regulares, um dos destaques é o projeto Ginástica no CEU, destinado a servidores da Universidade e sediado no clube. “Capitaneado há muito tempo pela PRORH [Pró-reitoria de Recursos Humanos], esse projeto visa oferecer atividades físicas sistemáticas orientadas aos servidores. A gente também acolhe os projetos Pilates UFMG e Segundo Tempo [ambos da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional], entre outras ações que contribuem para a saúde e o bem-estar da comunidade acadêmica", relata o diretor do CEU.

É por meio do projeto Ginástica no CEU que muitos servidores têm acesso à estrutura do centro esportivo. Até mesmo servidores aposentados mantêm seu vínculo com a Universidade e com colegas por meio das instalações do clube. É o caso de Nazareth Ventura, que atuou como assistente em administração na Escola de Engenharia de 1974 a 2018. “O que mais me agrada é a facilidade de frequentar o espaço, além de não ter custo [o acesso ao clube e ao programa Ginástica no CEU são gratuitos para servidores da UFMG]. Mesmo aposentada, continuo frequentando o espaço, para manter o vínculo com colegas e amigos que fiz na Universidade”, explica. 

Frequentadora do CEU há 20 anos, quando começou a fazer hidroginástica por meio de projeto da Fundep, Nazareth Ventura é hoje uma das alunas do projeto Ginástica no CEU. “Hoje venho aqui pelo menos três vezes por semana, pois tenho aulas na terça, na quinta e na sexta, e diria que minha relação com o CEU é de muito amor e gratidão. Estar aqui é muito bom”, afirma.

Espaço é arborizado e tem 176 mil metros²
Espaço é arborizado e tem 176 mil metros² Foto: Hugo Rafael | UFMG

A proposição de atividades de esporte e lazer é outra atribuição do CEU prevista no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFMG. Isso, segundo o professor Luciano Silva, implica que o CEU disponibilize a sua estrutura para funcionar como clube em dias úteis, fins de semana e feriados, mas também que tenha uma atuação ampliada em favor do desenvolvimento do esporte. “Nessa perspectiva, apoiamos, por exemplo, as equipes universitárias da UFMG que participam de competições, como as de ginástica artística e aeróbica, as equipes universitárias que disputam jogos municipais, estaduais e nacionais e propomos atividades, organizando, entre outras ações, a Colônia de Férias, que já teve 20 edições”, explica.

Formação
Parte relevante da formação do corpo discente nas áreas de esporte e lazer também ocorre no CEU, embora não seja essa sua missão principal. Muitos estudantes de graduação da Universidade têm a oportunidade de atuar, como estagiários, nos projetos desenvolvidos no espaço, como o Ginástica no CEU. “Como não somos uma unidade acadêmica, muitas vezes um olhar desavisado leva à interpretação de que uma das missões principais da Universidade, que é a formação, não ocorre no CEU. No entanto, ela se dá por meio dos projetos de extensão e das políticas de desenvolvimento do esporte e lazer propiciadas pela sua existência", ressalta Luciano Silva.

Além dos projetos já citados, dos quais estagiários e bolsistas participam desenvolvendo atividades esportivas, o CEU hoje é um núcleo do programa Superar, projeto da Prefeitura de Belo Horizonte que oferta atividades esportivas a pessoas com deficiência. “Esse programa começou a ter uma vertente para a comunidade acadêmica e tem funcionado no CEU. Nossos alunos atuam no projeto, o que propicia mais um ganho importante para a formação além da sala de aula”, afirma.

Estrutura privilegiada
O reconhecimento do lazer e do esporte como direito social fundamental é uma das perspectivas que norteia a atuação do CEU. “Como é uma instituição pública, a Universidade assume também responsabilidade nessa política de garantia de direitos e precisa de estrutura física, de recursos humanos e condições orçamentárias que deem conta disso. O CEU não garante a todo mundo o acesso ao esporte e ao lazer, por limitações várias, mas é uma estrutura privilegiada”, explica Luciano Silva.

Localizado na Avenida Coronel Paschoal, s/n, no bairro São Luiz, o Centro Esportivo Universitário ocupa área de 176 mil metros quadrados, arborizada e protegida por muros. O espaço foi construído pelo governo de Minas Gerais, como contrapartida pela cessão, por parte da UFMG, dos terrenos onde foram erguidos o Mineirão e o Mineirinho. É raro, segundo o diretor do CEU, encontrar universidades federais brasileiras que disponham de um órgão específico, com estrutura tão ampla, para propor, desenvolver e sediar atividades de esporte e lazer. “Apesar dos nossos desafios, entendemos que ainda estamos em uma situação privilegiada, quando comparamos nossa estrutura às de outras instituições de ensino superior, principalmente as federais”, frisa. 

Lívia e Fernanda: relaxamento e manutenção de vínculos
Lívia e Fernanda: relaxamento e manutenção de vínculos Foto: Hugo Rafael | UFMG

'Lugar de escape'
As amigas Lívia Monteiro e Fernanda Oliveira, estudantes dos cursos de Medicina Veterinária e Enfermagem, ingressaram na UFMG, respectivamente, em 2019 e 2020, e começaram a frequentar o CEU no ano passado. As duas, que se conheceram em curso preparatório para a UFMG, não têm acesso a clubes privados e foram ao espaço juntas, pela primeira vez, em 3 de março do ano passado. Na sexta passada, exatamente um ano após a primeira visita, elas voltaram ao espaço, para usufruir do clube, no último dia útil de férias acadêmicas. As duas também consideram o espaço privilegiado para manutenção da saúde mental. 

Natural de Belo Horizonte, Lívia Monteiro, embora soubesse da possibilidade de se associar, levou três anos para ir pela primeira vez ao CEU. Segundo ela, muitos colegas de turma e de curso já utilizam o espaço, desde que ela ingressou na Universidade, para praticar esportes em suas quadras. “Muitos amigos de outras faculdades pedem para que eu os traga aqui, porque não têm acesso a uma estrutura pública como esta e a nenhuma outra particular. Para nós, estudantes, é muito bom ter este espaço, fora da sala de aula, para conversar e descansar da rotina acadêmica, que é pesada”, conta.

A também belo-horizontina Fernanda Oliveira, que tem aulas no campus Saúde, considera o CEU “um lugar de escape das coisas da Universidade”. “A gente, que é do campus Saúde, acaba frequentando menos, pela distância. Outra coisa que atrapalha é encaixar esse hábito na rotina. Mas é muito bom ter um lugar assim, porque, em meio a tantas atribuições do curso, tem um ponto bom, que é o CEU.” 

Esporte e lazer como direitos
Com funcionamento de terça a domingo, o CEU recebe associações de alunos, servidores docentes e técnico-administrativos da UFMG – que podem ainda inscrever cônjuges e filhos de até 21 anos de idade. O CEU também pode ser frequentado por adolescentes da Cruz Vermelha e do Programa Jovem Aprendiz Fump que prestam serviço à UFMG e por trabalhadores terceirizados, como os funcionários de órgãos e fundações de apoio, do Cefet-MG e de institutos federais. A lista completa pode ser consultada no site do CEU.

Pesquisador de políticas públicas de esporte e lazer, o professor Luciano Silva reforça que, nos últimos anos, tem se intensificado, na maioria das pessoas, a percepção do esporte e do lazer como direitos. "Isso hoje faz parte da reivindicação da maioria das pessoas, embora boa parte ainda não entenda isso como algo fundamental ou não consiga se mobilizar para encaixar esse momento na difícil rotina de trabalho e de obrigações familiares. Ainda assim, a procura pelo CEU é alta e tem crescido nos últimos anos, inclusive por conta do agravamento da crise econômica.”

“Como, no Brasil, as estruturas de lazer se concentram principalmente na iniciativa privada, parte das pessoas que procuravam vivências de lazer nesses espaços e deixaram de ter condições para isso voltaram a frequentar o CEU. Assim, nossa procura aumentou, mas também cresceu o desafio de promover mudanças significativas na estrutura do trabalho para que as pessoas consigam encaixar na rotina esses aspectos que são de direito e importantes para a qualidade de vida”, defende Luciano Silva.

Aline Caldeira: acesso a funcionários terceirizados
Aline Caldeira: acesso a funcionários terceirizados Foto: Hugo Rafael | UFMG

Esse é o caso de Aline Caldeira, farmacêutica do Hospital das Clínicas (HC) da UFMG, mantido pela Ebserh, que só no ano passado descobriu que, como profissional terceirizada, também poderia frequentar o CEU. Funcionária do hospital há sete anos, ela tem buscado, desde o ano passado, conciliar os momentos de lazer com a rotina pesada dos plantões noturnos no HC. “Eu só soube que também podia frequentar o clube no ano passado, por meio de uma colega, que é aluna da UFMG. Só então eu fiz a minha carteirinha e passei a frequentar, principalmente, agora, em 2023”, conta.

Aline conta que, há alguns anos, encerrou uma cota em clube privado e só voltou a um espaço de lazer quando descobriu o CEU. "É muito positivo que a Universidade mantenha um espaço como esse, porque o lazer é necessário para todos, ainda mais neste momento que vivemos, de adoecimento. A gente está sobrecarregado, todo mundo só pensa em trabalho, então ter esse momento de lazer é primordial. É um diferencial da UFMG, e acho que a possibilidade de os funcionários do HC frequentarem poderia ser mais divulgada, porque trabalhamos em um ambiente estressante e bem cansativo. A gente precisa mesmo desse espaço, que é muito importante para a saúde mental", afirma.

Desafios
O diretor Luciano Silva reforça a necessidade de a própria comunidade acadêmica da UFMG entender e adotar, cada vez mais, o espaço “como algo que é dela e que precisa ser usufruído”. “Nossos principais desafios, para os próximos anos, são a recuperação da piscina olímpica e tornar nosso espaço mais inclusivo, tendo em vista que nossas instalações são muito antigas e pouco acessíveis às pessoas com deficiência. Essas melhorias e adaptações podem ser implementadas e, para conseguir isso, acreditamos que a comunidade acadêmica precisa abraçar o CEU”, afirma.

O CEU funciona de terça a sexta-feira, das 7h às 22h. Aos sábados, domingos e feriados, o horário é das 8h às 19h. Informações podem ser obtidas pelos telefones 3409-2374 e 3409-2375 e estão também disponíveis no site do órgão, onde também é possível se informar sobre documentação, valores para associação e emissão de convites para terceiros. 

Em virtude das celebrações, o atendimento ao público nesta quarta-feira será encerrado às 14h.

Hugo Rafael