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Economista e sociólogo Theotonio dos Santos, com passagens pela UFMG, morreu ontem, no Rio

Um dos formuladores da ‘teoria da dependência’, intelectual e militante de esquerda graduou-se na Face, onde lecionou nos anos 80

Theotonio dos Santos
Theotonio dos Santos: exílio depois de 1964 e militância pela justiça socialtheotoniodossantos.blogspot.com

“Theotonio dos Santos é muito respeitado na academia e foi militante ativo da esquerda, com forte influência no Brasil e na América Latina”, afirmou hoje o professor Clélio Campolina, aposentado da Faculdade de Ciências Econômicas, sobre o economista e sociólogo mineiro que morreu ontem (terça, 27), aos 81 anos, no Rio de Janeiro, vítima de um câncer no pâncreas. Theotonio foi cremado nesta tarde, após ser velado na Câmara Municipal do Rio.

Graduado na Face, em 1961, Theotonio prestou concurso e lecionou na Faculdade no início dos anos 1980, após voltar do exílio. Ele foi titulado doutor por notório saber em economia pela UFMG. Theotonio dos Santos ficaria muito conhecido pela formulação da “teoria da dependência” e pela “teoria do sistema-mundo”. Publicou 38 livros, que mereceram edições em 16 idiomas.

Nascido em Carangola, em 1936, Theotonio dos Santos foi um dos fundadores, em 1961, da Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (Polop), que visava criar as condições para o surgimento de partido operário revolucionário no Brasil. O golpe civil-militar de 1964 levou-o à clandestinidade e logo ao exílio, no Chile.  

Clélio Campolina recorda um encontro no Chile, em 1971. “Ele havia acabado de publicar o artigo ‘O novo caráter da dependência’, que teve muita repercussão. Depois do golpe que derrubou [o presidente chileno Salvador] Allende, ele partiu para o México, e perdemos contato”, conta o reitor da UFMG na gestão 2010-2014. Ele voltaria a encontrar Theotônio dos Santos em bancas de doutorado, sobretudo na Universidade Federal Fluminense (UFF), à qual o professor se vinculou depois da passagem pela UFMG. “Ele sempre foi muito presente no debate político e defensor da justiça social”, completa Campolina.

Nos últimos anos, Theotônio foi pesquisador sênior e professor visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador da Cátedra da Unesco sobre Economia Global e Rede Sustentável.

Theotônio deixa a mulher, Monica Bruckman, e quatro filhos, dois desse casamento e dois da primeira união, com Vânia Bambirra.