Mostra de iniciação científica movimenta unidades da UFMG
Cerca de 1,7 mil trabalhos foram apresentados por bolsistas nesta semana
Método que relaciona funções executivas e inteligência de jovens atletas, suicídio entre indígenas, novas soluções para a gestão do trânsito no Brasil e tecnologia para remoção de poluentes usados no processamento do minério de ferro são algumas das várias linhas de pesquisa que caracterizam os trabalhos de iniciação científica desenvolvidos por estudantes de graduação da UFMG, com suporte de professores e pesquisadores de pós-graduação, apresentados nos dias 7 e 8 de outubro durante na 28° Semana de Iniciação Científica, evento que integra a Semana do Conhecimento.
Mais de 1,7 mil trabalhos de pesquisa foram expostos em todas as unidades acadêmicas da UFMG. Os mais bem avaliados recebem o reconhecimento de Relevância Acadêmica e serão apresentados em nova rodada, na próxima quarta-feira, 16 de outubro.
Na entrada do prédio da Fafich, o estudante Luciano Amorim, do sexto período de Psicologia, apresentou, nesta semana, resultados de seu trabalho de iniciação científica no qual relaciona as chamadas funções executivas e a inteligência de atletas de 14 a 18 anos que praticam esportes como futebol, vôlei e natação. Amorim vale-se de cinco dimensões: memória de trabalho não verbal, memória de trabalho verbal, inibição, flexibilidade e inteligência.
“É como se eu desse ao atleta dez números e depois pedisse a ele para citá-los na ordem invertida. A sua memória, além de deter a sequência, terá de invertê-la. Esse processo determina a qualidade das funções do atleta”, exemplifica estudante, cujo trabalho é vinculado às atividades de pesquisa do Laboratório de Avaliação e Intervenção na Saúde (Lavis). O método de análise foi desenvolvido pela professora de neurociências Adele Diamond, da Universidade da Colúmbia Britânica, e sua efetividade já havia comprovada em adultos. O estudo da UFMG busca aplicar o método em atletas mais jovens.
Também estudante de Psicologia, Camila Peixoto desenvolve trabalho de IC sobre a taxa de suicídios entre os povos indígenas brasileiros. Em um estudo de epidemiologia descritiva, ela busca identificar as diferenças nas taxas de mortalidade provocadas por suicídio entre a população indígena e os brasileiros em geral.
“Usualmente, a taxa de suicídios entre os povos indígenas é quase três vezes maior em comparação com o restante do Brasil. No estado de Mato Grosso, no entanto, a diferença é ainda maior: são 77 indígenas que tiram a própria vida a cada mil habitantes; entre não indígenas, esse índice não ultrapassa a sete a cada mil no estado”, compara a graduanda.
Os dados foram extraídos do Sistema de Informações de Mortalidade do Departamento de Informática do Sistema único de Saúde (DataSUS). Entre os métodos, o enforcamento e o estrangulamento por sufocação corresponde a 88% dos casos de suicídio entre os indígenas. Já no restante da população, esse expediente é responsável por 62% das ocorrências.
Do trânsito à bucha
Corredores e espaços de grande circulação no prédio da Escola de Engenharia também ficaram repletos de murais com pôsteres para a exposição de trabalhos acadêmicos. Laura Viana, estudante do terceiro período de Engenharia Civil e bolsista de iniciação científica, desde junho, desenvolve um projeto que busca novos modelos de gestão do trânsito brasileiro. “Atualmente, as referências para o tráfego utilizadas no mundo inteiro são o Highway Capacity Manual (HCM), dos Estados Unidos, e o Webster, da Inglaterra. O projeto desenvolvido aqui ainda está em fase inicial e pretende adaptar esses métodos internacionais à realidade brasileira, sobretudo, às especificidades de Belo Horizonte”, explica a estudante.
Para o projeto, Laura desenvolve formas de monitoramento para veículos por GPS e para pedestres por meio de drone. “Com esses dados, poderemos trabalhar pontos críticos, indicar intervenções referentes a semáforos, por exemplo, e apontar soluções para o tráfego”, explicou a bolsista.
Lucas Felipe da Silva, da Engenharia de Minas, apresentou trabalho em que analisa o potencial da bucha vegetal de remover contaminantes da água usada no tratamento de minério de ferro. O procedimento tem como finalidade reduzir o volume de água e de produtos tóxicos empregados no processamento do minério, entre eles, a eteramina. “Com a eliminação da eteramina das soluções, a água poderá ser disposta novamente retornar ao meio ambiente”, explica Lucas Felipe.
Utilizada para banhos e facilmente encontrada em supermercados, a bucha vegetal foi cortada, lavada com água destilada e posta em contato com diferentes soluções, entre quais uma de eteramina. O experimento, desenvolvido no âmbito do Laboratório de Processamento Mineral e Meio Ambiente, removeu 95% do composto químico do processo.