Pesquisa e Inovação

Ciência produzida no gelo é tema de nova exposição do Espaço do Conhecimento

Inspiradas nas pesquisas desenvolvidas pela UFMG no continente, Expedição Antártica será aberta nesta quinta-feira

Exposição de pesquisas feitas na Antártica sobre fungos, no Espaço do Conhecimento
Mostra reúne milhares de fungos que podem fornecer informações sobre a origem da vida
Ana Naemi / Espaço do Conhecimento

Longe dos laboratórios, do conforto dos gabinetes e das bibliotecas, pesquisadores têm encarado o desafio de fazer ciência no continente mais inóspito do planeta. As primeiras expedições do Brasil à Antártica começaram há mais de três décadas, e o país já é considerado um dos líderes em pesquisas de vanguarda nas terras geladas. Nos últimos anos, a UFMG tem-se firmado como uma das principais parceiras do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), da Marinha.

Trazer essa história para mais perto da população e os resultados alcançados é a proposta da Expedição Antártica, nova exposição do Espaço do Conhecimento UFMG. A  parceria com a Unimed-BH e o Instituto Unimed-BH, que será inaugurada nesta quinta-feira, 7 de dezembro. Ela fica em cartaz até abril de 2018, das 10h às 17h, no Espaço do Conhecimento. A entrada é gratuita. Expedição Antártica foi tema da principal reportagem publicada na edição 2002 do Boletim UFMG.

Fungos que podem erradicar doenças, histórias não contadas sobre os primeiros desbravadores do continente e os impactos que a condição de vida extrema pode causar nos pesquisadores são alguns dos aspectos abordados nos projetos de pesquisa ­MycoAntarPaisagens em branco e ­MediAntar, que investem em estudos de biologia, arqueologia e antropologia e medicina polar. 

“Além de simular um ambiente similar ao vivenciado na Antártica, a exposição reúne uma diversidade de objetos coletados e utilizados durante as pesquisas e instiga o visitante a conhecer um pouco mais sobre a vida no continente e como ela pode nos ajudar a viver aqui”, destaca a diretora científico-cultural do Espaço do Conhecimento, Ana Flávia Machado.

Uma nova história

O continente mais frio e remoto foi o último a ser ocupado pelo ser humano entre o fim do século 18 e o início do 19. Personagens que tiveram seus nomes excluídos da história oficial da Antártica, como os caçadores de animais marinhos, foram os verdadeiros protagonistas desse desbravamento. Reescrever essa história é a proposta do projeto Paisagens em branco, do Departamento ­Antropologia e Arqueologia da UFMG.

O grupo já descobriu diversos sítios arqueológicos, como o Punta Elefante 2, cuja réplica em tamanho real será mostrada na exposição. “É importante que as pessoas saibam que o território antártico foi desbravado por gente comum”, afirma o professor Andrés Zarankin, coordenador do projeto, que realiza pesquisas no continente há mais de duas décadas.

Exposição de pesquisas feitas na Antártica sobre fungos, no Espaço do Conhecimento
Detalhe da exposição sobre as pesquisas feitas pela UFMG na Antártica Ana Naemi / Espaço do Conhecimento

Nem só pinguins bonitinhos ou baleias gigantes habitam a Antártica. Invisíveis a olho nu, lá sobrevivem milhares de comunidades de fungos que podem revolucionar a produção científica. Muitos deles são capazes de servir de base para a produção de medicamentos contra doenças como a dengue, a leishmaniose e a febre amarela, de acordo com as descobertas do projeto MycoAntar: diversidade e bioprospecção de fungos da Antártica, do ICB.

“Alguns micro-organismos antárticos podem fornecer conhecimento sobre a origem da vida no planeta e resultar em fontes de produtos biotecnológicos em prol do Brasil e do mundo”, destaca o professor Luiz Rosa, coordenador do projeto. Os materiais coletados contribuem, também, para compor a Coleção de micro-organismos e células da UFMG, a maior coleção viva de fungos da Antártica. Numa montagem que impressiona pela beleza, esses minúsculos seres vivos poderão ser vistos pelo público na exposição. 


Objeto: pesquisador

A multidisciplinaridade é a marca do projeto MediAntar, do ICB, que se dedica ao estudo da inserção do ser humano em condições extremas de sobrevivência experimentadas na Antártica, como temperaturas muito baixas, dificuldades para respirar, esforços físicos constantes e isolamento. E os próprios pesquisadores são o objeto dessas investigações. “A experiência na Antártica expõe a fragilidade de todos nós. É uma pesquisa que passa pela nossa experiência, e queremos contribuir para que ela melhore cada vez mais”, explica Rosa Arantes, que coordena o projeto. Parte desses resultados pode ser conferida nas Cápsulas sensoriais, que simulam, entre outros aspectos, o vento forte, a dificuldade de andar na neve e a escuridão do inverno, quando ocorre o fenômeno celeste da aurora austral. 


Três rotas

Com a ajuda de um mapa, os visitantes poderão explorar a Expedição Antártica por três caminhos, que abordam as pesquisas da UFMG sobre medicina, biologia e arqueologia polar. Um grande painel com milhares de fungos ressalta a beleza desses minúsculos seres vivos ao lado de imagens dos animais que lá ­vivem bem adaptados, como pinguins, focas, baleias e leões marinhos. Cápsulas sensoriais simulam as condições extremas da Antártica, como o frio, a dificuldade de andar na neve e a escuridão do inverno. Há também a réplica de um sítio arqueológico, que representa a história da ocupação do continente por desbravadores ainda pouco conhecidos, como os pescadores. Além disso, o Planetário oferece uma experiência imersiva única, em 360°, combinando imagens das pesquisas científicas realizadas no local com animações.

O Espaço fica na Praça da Liberdade, 700, bairro Funcionários. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 3409-8352, pelo site ou pelo e-mail espacoufmg.comunicacao@gmail.com. 

Isabelle Chagas / Boletim 2002