Saúde

Faculdade de Medicina apresenta relatório final do censo da população de rua de BH

Mais de 5,3 mil pessoas vivem nas ruas da capital, quase o triplo da última década

População de rua quase triplicou na última década na capital, ultrapassando 5,3 mil pessoas
Trezentos pesquisadores participaram da coleta de dados do censoFoto: PBH

A Faculdade de Medicina da UFMG apresentou dados completos do Quarto Censo da População Adulta em Situação de Rua – BH+ Inclusão, durante o Seminário sobre Políticas para População em Situação de Rua, Migrantes e Refugiados, realizado nessa segunda-feira, 17 de junho. O evento contou com a participação do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, e da secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Rita de Oliveira.

A diretora da Faculdade, Alamanda Kfoury, ressaltou a missão das universidades públicas, gratuitas e de qualidade na produção de ciência de ponta, engajada com as necessidades da população. “Temos esta missão, especialmente com os mais vulneráveis. Para isso, temos um diálogo permanente com o poder público para apoiar a formulação de políticas com evidências científicas”, afirmou.

No evento foi formalizada a adesão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ao Plano Nacional Ruas Visíveis – criado pelo governo federal para fortalecer as ações para as pessoas em situação de rua. A iniciativa é coordenada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e prevê a ampliação e criação de medidas em diversas frentes. “O plano também traz a necessidade da participação social como eixo central para desenhar as políticas para que elas atendam às necessidades dessa população. Belo Horizonte já começa muito bem, identificando o problema a partir da realização do censo”, disse Rita Oliveira.

O prefeito de Belo Horizonte também destacou os dados gerados pela Universidade. “A nossa pesquisa identificou nas ruas pessoas doentes que precisam de tratamento. Esse é o nosso grande desafio”, ressaltou Fuad.

Para o professor do Departamento de Psiquiatria Frederico Garcia, o lançamento do censo foi um momento muito importante da pesquisa. “De um lado, fizemos a devolutiva à sociedade dos principais dados que encontramos e da visão da academia sobre essa política. De outro, o censo contribui para que o poder público e a sociedade civil possam compreender o cenário. Para a UFMG é muito importante contribuir com evidências científicas que possibilitem a melhoria das políticas públicas”, pontuou.

População de rua aumentou
A população em situação de rua de Belo Horizonte quase triplicou na última década, chegando a 5.344 pessoas. Os dados mostram que a grande maioria é formada por homens (84%) com média de idade de 42,5 anos, enquanto as mulheres representam 16% e têm em média 38,9 anos. Também foi destaque o aumento do tempo de vida em situação de rua, que era de 7,4 anos em 2013 e aumentou para 11 anos.

O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 21 de outubro de 2022 e levou uma equipe de 300 pesquisadores para as nove regionais da capital. O objetivo foi não só aferir o tamanho dessa população, mas também investigar o que a levou a viver dessa forma e quais as perspectivas de futuro. Foram ouvidas pessoas nas ruas, em abrigos, restaurantes populares, praças e terrenos baldios, entre outros espaços.

Para a realização do censo, a PBH, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, firmou parceria com a Faculdade de Medicina da UFMG. Também colaboram no processo o Movimento Nacional de População de Rua, a Associação de Luta por Moradia Para Todos, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que integram o grupo técnico responsável por acompanhar, monitorar e analisar a realização da pesquisa.

O Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (Naves) da Faculdade de Medicina da UFMG, grupo responsável pela metodologia, também realizou o censo anterior, em 2013.

Com informações da Faculdade de Medicina da UFMG e da PBH