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Gravidez na adolescência: uma questão de saúde pública

Programa Conexões discute desafios da maternidade precoce na Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência

Em entrevista, professora Adla Betsaida defende importância da educação sexual para proteção da criança e do adolescente
Em entrevista, professora Adla Betsaida defende importância da educação sexual para proteção da criança e da adolescente Reprodução: Febrasgo

Os primeiros dias do mês de fevereiro são marcados pela Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência. A iniciativa, que vai até o dia 8 de fevereiro, é do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. O objetivo é disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas para a redução da gestação precoce. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gravidez na adolescência se caracteriza quando ocorre entre os 10 e os 20 anos de idade. 

Apesar do índice ter diminuído nos últimos anos, o Brasil tem uma taxa média de 400 mil casos de gestação na adolescência por ano, uma das mais altas do mundo. A gravidez nessa fase da vida é considerada de risco e está associada a uma série de prejuízos para a mãe e o bebê, tanto fisicamente quanto emocionalmente, socialmente e financeiramente. O programa Conexões desta quinta-feira, 3, recebeu  Adla Betsaida Teixeira, professora doutora da Faculdade de Educação da UFMG e coordenadora do grupo de estudo em Gênero, Sexo e Sexualidade em Educação, para discutir o assunto.

A docente destacou que esse é um problema mundial de saúde pública e de violação dos direitos humanos e que, apesar do alto número de casos no Brasil, ainda há subnotificação. Muitas dessas adolescentes são vítimas de estupro, na maioria das vezes tendo um membro da família como agressor, ou estupro autorizado, quando há uma permissão dos pais para que a filha menor de idade se relacione com alguém muito mais velho.

“A gente tem esses abusos constantes e essa naturalização do estupro, como se fosse uma culpa da vítima. E o estupro acontece em qualquer classe social, mais ainda para as meninas pobres. Elas não têm acesso à informação e nós temos uma escola que é proibida de discutir as questões sexuais e de gênero”, comentou a professora. A professora reforça também que não se deve confundir sexualização infantil com educação sexual, que se preocupa com um planejamento familiar, com o incentivo a relações seguras e protegidas e com o auxílio à identificação da violência e assédio, para prevenir o estupro. Betsaida também falou sobre as principais dificuldades enfrentadas pelas mães adolescentes e explicou o que as leva a se distanciar da escola.

Ouça a entrevista completa no Soundcloud.

Em Belo Horizonte, o Colmeia é uma associação que atua como centro de acolhimento para adolescentes grávidas e com filhos de até 6 anos de idade. O centro é localizado no bairro Nova Gameleira e está aberto a mães adolescentes vítimas de negligência familiar, violência física e psicológica, exploração do trabalho, exploração sexual e trajetória de vida nas ruas. Mais informações podem ser encontradas no site da associação.

Produção: Carlos Ortega, sob orientação de Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Luiza Glória