Pesquisa e Inovação

ICB terá equipamento de alta precisão para pesquisas sobre o cérebro

Doação foi feita pela Fundação Alexander von Humboldt, da Alemanha, que financia projetos de cooperação com o Brasil

Da esquerda para direita: Élida Rabelo, Dirk Augustin, Victor Sterzik, Fabiola Ribeiro, Mário Campo, Dawisson Lopes
Élida Rabelo (primeira à esquerda), Dirk Augustin, Victor Sterzik, Fabíola Ribeiro, Mario Campos e Dawisson Lopes Divulgação | ICB-UFMG

O Laboratório de Neurobioquímica do ICB acaba de receber do Programa Bolsas para Pesquisa Capes/Humboldt (Fundação Alexander von Humboldt de Munique) a doação de um vibratome, equipamento similar a um micrótomo, para corte de tecido biológico com alta qualidade e precisão. O novo equipamento vai contribuir com as pesquisas que investigam o comportamento de células neurais em doenças como Zika, Alzheimer, Huntington e esquizofrenia.

A entrega simbólica do vibratome, avaliado em 15 mil euros, foi feita pelo cônsul geral da Alemanha, Dirk Augustin, que esteve no ICB, na última sexta-feira, dia 11, acompanhado do cônsul honorário Victor Sterzik. Na ocasião, eles conheceram projetos desenvolvidos no laboratório.

Professora Fabíola Ribeiro apresenta pesquisas do laboratório ao cônsul honorário Victor Sterzik
Fabíola Ribeiro apresenta pesquisas do laboratório ao cônsul honorário Victor Sterzik Divulgação | ICB-UFMG

Segundo a professora e autora da solicitação, Fabíola Mara Ribeiro, pesquisadora sênior do programa em 2017, a Humboldt oferece aos bolsistas, no fim da estada, um equipamento e ajuda de custo. “Optei por esse equipamento porque ele tem custo elevado e vai beneficiar outros projetos do ICB, liderados pelos professores Fabrício Moreira e Daniele Aguiar [ex-bolsitas Capes/Humboldt]. Quanto à ajuda de custo, vou usar parte do recurso para viabilizar os custos da importação”, contou.

O vibratome é um micrótomo de vibração que possibilita o corte de tecido biológico sem necessidade de congelamento ou uso de parafina. Assim, é possível manter a morfologia e o funcionamento ou atividade celular, viabilizando a análise de certas funções do organismo. Técnicas e equipamentos tradicionais não garantem a mesma qualidade de observação. “Utilizaremos o equipamento para estudos bioquímicos e medidas eletrofisiológicas de cérebros de camundongos e minicérebros derivados de células embrionárias de pluripotência induzida”, explica a professora Fabíola Ribeiro.

O trabalho segue em colaboração com os pesquisadores Jan Deussing e Carsten Wotjak, do Instituto de Psiquiatria Max Planck, de Munique, na Alemanha. “Essa conquista do grupo é motivo de orgulho para todo o ICB”, afirmou a vice-diretora, professora Élida Rabelo, que participou da solenidade juntamente com o pró-reitor de Pesquisa, Mário Campos, o diretor adjunto de Relações Internacionais, Dawisson Lopes, o chefe do Departamento de Bioquímica e Imunologia, Jáder Cruz, e a coordenadora da pós-graduação nessa mesma área, Leda Vieira.  

Receptores
Entre os principais projetos do Laboratório de Neurobioquímica, está o que investiga o papel do receptor de glutamato (mGluR5) na doença de Huntington. Para isso, são usados camundongos transgênicos apropriados para estudos dessa doença (BACHD) e uma linhagem deficiente para o mGluR5. Também são usadas ferramentas farmacológicas, incluindo moduladores alostéricos positivos e negativos desse receptor. Resultados preliminares têm indicado que o receptor mGluR5 desempenha papel importante na doença de Huntington e que seus moduladores alostéricos positivos são potentes drogas neuroprotetoras in vitro e in vivo.

Os pesquisadores do ICB também investigam como ocorre a neurodegeneração causada pela infeção do vírus zika (ZIKV), que foi associada a problemas neurológicos em recém-nascidos, como a microcefalia. Os cientistas do ICB já descobriram que drogas que bloqueiam o receptor de NMDA, como é o caso da memantina, podem prevenir a morte neuronal causada pelo ZIKV, in vivo e in vitro. Agora, o grupo estuda as alterações comportamentais que a infecção pelo zika pode provocar em filhotes infectados na gravidez.

Outra linha de investigação diz respeito à influência do mGluR5 sobre a neuroinflamação nas doenças de Alzheimer e de Huntington. No laboratório são usados linhagem transgênica BACHD e camundongos C57BL/6J tratados com proteína β-amiloide, uma das causadoras do Alzheimer. Ferramentas moleculares e celulares são empregadas na verificação dos mecanismos que levam à ativação de células da glia e à neuroinflamação.

Programa Capes/Humboldt
O Programa Bolsas para Pesquisa Capes/Humboldt é iniciativa da Capes em cooperação com a Fundação Alexander von Humboldt (AvH), da Alemanha, e tem o objetivo de apoiar pesquisadores altamente qualificados, que mantêm vínculo, empregatício ou não, com instituições de ensino e pesquisa do Brasil. A parceria visa ao aprofundamento da internacionalização, ao aprimoramento da produção e qualificação científicas e ao desenvolvimento de métodos e teorias em conjunto com pesquisadores alemães ou estrangeiros residentes na Alemanha.

Com Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do ICB