Ensino

IEAT lança cátedra dedicada à educação básica

Financiada pela Fundep, ela homenageia a professora Magda Becker Soares e será ocupada pelo educador português António Nóvoa, referência internacional na formação docente

António Nóvoa
António Nóvoa: universidades devem assumir responsabilidades sobre a formação de professoresFoto: Raphaella Dias | UFMG

O Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT), em parceria com a Fundep, a Fundação de Apoio da UFMG, vai inaugurar, na próxima quarta-feira, 29 de maio, no auditório da Reitoria da UFMG, a Cátedra Fundep Magda Soares de Educação Básica. O evento, que começa às 10h, tem entrada gratuita e aberta ao público.

A cátedra – que busca atrair pesquisadores de projeção internacional para colaborar de forma mais orgânica com grupos de pesquisa da UFMG –é dedicada ao tema da educação básica e será ocupada pelo professor António Nóvoa, reitor honorário da Universidade de Lisboa, em Portugal, e referência mundial nos estudos sobre formação de professores. No evento, ele vai ministrar conferência sobre responsabilidade pública da universidade perante os professores e a sua formação. Nos últimos meses, Nóvoa tem participado de uma série de encontros na UFMG com vistas à criação de um espaço comum de formação de professores.

A mesa de abertura reunirá a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, o presidente da  Fundep, Jaime Arturo Ramírez, a diretora do IEAT, Patrícia Kauark Leite, o pró-reitor de Graduação, Bruno Teixeira, a diretora da Faculdade de Educação, Andréa Moreno, e o diretor do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), Gilcinei Carvalho, que fará uma saudação em memória à professora Magda Becker Soares, docente emérita da UFMG e expoente nos estudos e práticas de alfabetização no Brasil. A professora morreu em janeiro de 2023, aos 90 anos.

Formação como prioridade
A formação de professores passou por duas fases principais: a primeira, de meados do século 19 a meados do século 20, com escolas normais; e a segunda, a partir de então, sob a responsabilidade das universidades. Apesar de reunir cerca de 20% dos alunos nas universidades públicas brasileiras, a licenciatura nunca foi uma prioridade pública. Nas últimas décadas, houve trabalhos importantes, mas sem centralidade nas universidades.

António Nóvoa argumenta que a situação atual da carreira docente no mundo exige novas políticas e enquadramentos institucionais da formação docente. Ele ressalta que a universidade deve assumir uma responsabilidade pública perante os professores e a sua formação. “Essa responsabilidade tem uma dimensão interna, com a criação, nas universidades, de órgãos de coordenação e decisão sobre a formação de professores, e uma dimensão externa, com a abertura de espaços conjuntos, envolvendo universidades e escolas, para realização da formação docente", destaca Nóvoa.

Para Patrícia Kauark, a escolha do tema para a primeira cátedra reitera o compromisso da UFMG com as demandas mais prementes da sociedade, "contribuindo com o avanço do conhecimento científico que pode beneficiar diretamente alunos, professores, gestores escolares e políticas públicas educacionais". A cátedra possibilitará aos pesquisadores permanecer na Universidade por até um ano, de forma a ampliar as formas de colaboração. Segundo o professor da FaE e coordenador da cátedra, Júlio Emílio Diniz-Pereira, a iniciativa viabilizará a articulação das diversas iniciativas que já existem na UFMG com a educação básica.

Articulação de esforços
A UFMG tem desenvolvido diferentes frentes de ação em favor do fortalecimento das relações com a educação básica, com especial atenção à formação de professores. São 18 cursos de graduação em licenciatura, cinco mestrados profissionais em educação, 11 especializações para professores e profissionais da educação básica, além de programas de pós-graduação com linhas de pesquisa que dialogam com o tema e inúmeras atividades de extensão e pesquisa.

O desafio é estabelecer um movimento epistemológico que preze por uma produção de conhecimento em que professores e escolas de educação básica sejam integrados nesse processo de forma mais orgânica e contextualizada. A pró-reitora adjunta de graduação, Maria Flores, destaca a existência na UFMG de arranjos institucionais próprios para fomentar discussões sobre o processo de formação, como a Comissão para Discussão e Elaboração das Políticas de Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica (Comfic) e o Colegiado Especial de Licenciaturas (Collicen). 

Maria Flores acrescenta que um dos objetivos da UFMG é implementar uma diretoria Universidade-Educação Básica que possibilite congregar as ações e programas de ensino, pesquisa e extensão destinados à formação de docentes. "Temos trabalhado em conjunto com 19 instituições de ensino superior públicas mineiras para estabelecer uma rede mineira de formação de professores da educação básica capaz de compartilhar experiências e resguardar esse princípio nas políticas de formação de professores de cada instituição”, detalha Maria Flores. 

A Cátedra Fundep Magda Soares de Educação Básica do IEAT conta com o apoio da Pró-reitoria de Graduação da UFMG, que articula um conjunto de ações da Universidade que visam ao estreitamento de relações com escolas de educação básica.

Com Assessoria de Comunicação do IEAT