Ensino

TCC de enfermeira xakriabá avalia combate à covid-19 em São João das Missões

Barreiras sanitárias e serviço de atenção à saúde evitaram agravamento da pandemia no maior território indígena de Minas Gerais

Simone Nunes Corrêa, primeira mulher indígena xakriabá formada em enfermagem pela UFMG, está de volta à sua aldeia após ter colado grau no início de abril. Simone, que ingressou na Universidade pelo Programa de Vagas Suplementares, desenvolveu o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Relato de experiência – organização do Povo Xakriabá para enfrentamento da covid-19. A defesa ocorreu no dia 25 de março.  

A pesquisa é fruto do estágio curricular de atenção primária à saúde realizado na maior comunidade indígena de Minas Gerais – cerca de 11 mil xakriabás –, em São João das Missões, no Norte do Estado.  

Orientada pela professora Lívia de Souza Pancrácio de Errico, da Escola de Enfermagem, Simone Xakriabá relata que a criação de barreiras sanitárias para proteger a etnia com o controle de entrada de pessoas vindas de fora da aldeia, o reajuste do calendário festivo, que inclui o ritual sagrado do Toré, entre outros, e a reorganização do serviço de atenção à saúde, com rodízio nas consultas eletivas dos grupos prioritários para evitar aglomeração, têm sido eficazes para conter a pandemia.  

Na terra indígena Xakriabá, segundo boletins divulgados em março, foram realizados 855 testes e confirmados 146 casos positivos, com o registro de dois óbitos. A cobertura vacinal desse grupo, considerado prioritário, alcança cerca de 90%.   

Em entrevista à TV UFMG, Simone Xakriabá afirma que a pandemia deixa cicatrizes profundas. Ela defende a necessidade de que as populações indígenas sejam atendidas por profissionais de saúde oriundos dessas comunidades como forma de aliar conhecimentos científico e tradicional.  Assista:

Reportagem: Soraya Fideles 
Imagens: arquivo pessoal (Simone Nunes Corrêa) e Cedoc TV UFMG 
Edição de imagens: Marcia Botelho
Edição de conteúdo: Flávia Moraes