Manifesto Antropófago comemora 90 anos
Marco do movimento antropofágico, texto influenciou a cultura brasileira em diversos outros movimentos, como a Tropicália, o Cinema Novo e o Mangue Beat
O Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade, foi publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia, no dia 1º de maio de 1928, e é estruturado em 51 aforismos mais a assinatura. O texto entrelaça literatura, artes, história, filosofia, antropologia, psicologia, economia e política, e influenciou diversos movimentos da cultura brasileira como a Tropicália, o Cinema Novo e o Mangue Beat.
De acordo com o pesquisador Mauro Franco, doutorando da Ufop, a antropofagia ficou marcada na cultura brasileira como uma incorporação de diversas culturas e de sua deglutição, "mas vai além disso". Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, Franco destacou que "um aspecto importante desse conceito é a devoração do inimigo, mas não simplesmente confundido com um ato de vingança. O ato antropofágico é uma devoração como algo de construção do próprio eu. É a incorporação do outro na rearticulação do eu."
Na esteira desse pensamento, Mauro Franco reforça que o movimento antropofágico tampouco se configura na defesa de um nacionalismo e na limitação de uma identidade nacional. “Oswald de Andrade não recaiu em certo nacionalismo, ao contrário de outros modernistas. Ele tem uma formulação mais complexa em relação ao problema do nacional: a questão do outro fala mais alto que um eu nacional", explicou.
A entrevista do programa Conexões com o pesquisador Mauro Franco, que investiga as relações entre antropofagia e história na obra de Oswald de Andrade, foi ao ar nesta quarta-feira, 2.
Outras informações sobre o tema podem ser encontradas na página criada pela artista Beatriz Azevedo para reunir produções artísticas e intelectuais que se inspiram e dialogam com as ideias de Oswald de Andrade.
Aforismos em pílulas radiofônicas
A Rádio UFMG Educativa produziu uma leitura coletiva do Manifesto Antropófago, com participação da equipe e de colaboradores da rádio e também de outros profissionais do Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom). A produção é de Luiza Glória e João Pedro Rezende, e a edição é de Breno Rodrigues.
Ouça os 51 aforismos e a assinatura do Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade:
Leitores: Ana Paula Vieira, Breno Rodrigues, Cecília Lima, Cláudio Zazá, Daniel Luiz Silveira, Ewerton Martins Ribeiro, Felipe Assumpção, Filipe Sartoreto, Gabriela Augustha, Gabriela Sorice, Giulliana Santos, Gustavo Cunha, Hugo Rafael, Itamar Rigueira Jr., Jéssika Viveiros, João Pedro Rezende, Joana Ziller, Larissa Fernandes, Luiz Fernando Freitas, Luiza Glória, Maria Dulce Miranda, Michelle Bruck, Renata Valentim, Samuel Rosa Tou, Samuel Sousa, Vinícius Luiz.