Pesquisa e Inovação

Mestrando da UFMG é premiado por modelo probabilístico que associa covid-19 e depressão

Fórmula reconhecida em concurso internacional favorece a prescrição de tratamentos e a redução de custos no âmbito do SUS

Pedro Vitor Brandão apresenta trabalho sobre predição clínica
Pedro Vitor Brandão em apresentação de trabalho sobre predição clínica Arquivo pessoal

Com o objetivo de compreender a probabilidade de uma pessoa que já tenha tido covid-19 apresentar também sintomas de depressão, o mestrando Pedro Vitor Bernardes Brandão, do Programa de Pós-graduação em Estatística do Instituto de Ciências Exatas (Icex) da UFMG, desenvolveu modelo de cálculo probabilístico premiado pela Society of Actuaries (SoA) no concurso Actuarial Implications of Covid-19 in Latin America Essays.

Brandão conta que o artigo premiado, Modelagem preditiva da depressão em pacientes diagnosticados com covid-19: utilização da técnica de regressão logística, está vinculado a trabalhos anteriores sobre sequelas da doença que foram desenvolvidos durante a a pandemia na Faculdade de Medicina da UFMG. 

"A intenção da fórmula que desenvolvi é avaliar o histórico de uso e procedimentos que um paciente faz antes de ter uma doença. Por meio da fórmula, a equipe médica consegue visualizar quais pacientes têm mais probabilidade de contrair aquela doença em questão", explica.

No caso do artigo vencedor do prêmio, o estudante avaliou a probabilidade de um usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) desenvolver depressão como sequela da covid-19. A intenção era identificar esses pacientes para que o SUS pudesse agir de forma preventiva, de modo a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e diminuir os custos para o sistema.

Metodologia
Ao terminar a graduação em Ciências Atuariais, também na UFMG, o estudante já havia trabalhado com predições clínicas na área de insuficiência renal. Para elaborar a fórmula probabilística que relaciona covid-19 e depressão, Brandão utilizou dados do SIGSUS, sistema de informações gerenciais do SUS. "É nele que são registradas informações acerca dos procedimentos realizados, como consultas e exames. Considerei os dados de junho de 2020 a junho de 2021", informa.

Com o banco de dados em mãos, o pesquisador identificou os usuários do Sistema Único de Saúde que haviam contraído covid-19 em junho de 2020. Em seguida, ele considerou o último mês do seu recorte temporal para observar quem estava com depressão, mas que não havia sido diagnosticado com a doença nos meses anteriores. "Assim, eu pude avaliar o tipo de procedimento que havia sido feito nesses pacientes antes de eles receberem o diagnóstico da depressão", diz.

Posteriormente, o pesquisador aplicou a regressão logística, técnica que possibilita a visualização da relação entre as variáveis dependentes e as independentes. Entre as variáveis consideradas, Brandão cita a quantidade de consultas com sintomas gripais feitas pelos pacientes ao longo do período considerado. Segundo o pesquisador, esse tipo de modelo é importante porque permite que o SUS se planeje, uma vez que consegue estimar a probabilidade de os pacientes apresentarem alguma doença no futuro.

Variáveis consideradas em modelo desenvolvido pelo pesquisador
Variáveis consideradas em modelo desenvolvido pelo pesquisador Arquivo pessoal

"Os modelos estatísticos preditivos são ótimas ferramentas de planejamento, que é essencial para a redução dos custos da saúde. Por meio da fórmula que elaborei, o SUS pode entender quantos pacientes têm propensão a ter depressão depois de terem covid-19. Assim, é possível prescrever tratamentos preventivos, que são mais baratos e desafogam o sistema. Se você sabe a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver uma doença de tratamento caro, é possível atuar para preveni-la ou planejar o orçamento para aqueles tratamentos", conclui Pedro Brandão.

Luana Macieira