Arte e Cultura

Modernistas são os ‘clássicos do futuro’, diz Vera Casa Nova

Em palestra do Festival de Verão, professora da Fale destaca as ‘inquietações e embriaguez’ presentes nos textos e manifestos do movimento

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Vera Casa Nova (no alto, à direita): modernismo brasileiro reúne traços cuja pluralidade se expande até hoje e leituras que se refazem continuamenteReprodução de tela: Raphaella Dias | UFMG

O modernismo brasileiro foi marcado pelos conflitos que tiveram início na Semana de Arte Moderna, em 1922, e moldado por sucessivas rupturas ao longo das décadas. O assunto foi destrinchado na palestra Modernismos, uma questão de memória, ministrada pela professora Vera Casa Nova, da Faculdade de Letras, na noite de sexta-feira (11), como parte da programação do 16º Festival de Verão UFMG.

“Submetido a muitas criações e desvios, o movimento tem traços cuja pluralidade se expande até hoje e leituras que se refazem continuamente”, observou a professora.

Vera Casa Nova enxerga o modernismo como um projeto revolucionário radical, de invenção e criação. Segundo ela, “a inquietação e a embriaguez inteligente, em tempos vanguardistas ou contemporâneos, mostram os traços, as marcas, o tempo estético e as crises da linguagem”.

Ao resgatar a obra do escritor Oswald de Andrade, autor do Informe sobre o modernismo, a docente lembrou que a palavra moderno pertence a todas as épocas. “Foram modernos os iniciadores de todos os movimentos estéticos e filosóficos, científicos e políticos. O tempo se encarrega de tornar clássicos os modernos, ou de destruí-los. Seremos os clássicos do futuro”, citou.

Inconsciente romântico
De acordo com Vera Casa Nova, a cultura brasileira tem como característica o “inconsciente romântico”, e muitos autores e intelectuais podem ser caracterizados pela “imaginação revolucionária” ou por um “romantismo crítico”.

A professora afirmou que um dos principais traços dos modernistas é a habilidade de “tirar dos versos os valores vitais”. “Ideias como a exploração do homem pelo homem, presentes nos manifestos Antropofágico e Pau-brasil, por exemplo, são emblemáticas das inquietações e da embriaguez das obras de Oswald, Mário e outros”, comentou.

Na mesma noite, o 16º Festival de Verão UFMG reuniu, em roda de conversa, o professor da Faculdade de Letras Marcos Alexandre, a docente da Escola de Música Ana Cláudia Assis e a artista e educadora Gabriela Guerra, que cursa o doutorado na Faculdade de Educação. Eles discorreram sobre o tema Emergências: ver com olhos livres. As atividades foram mediadas pela professora Verona Segantini, que é coordenadora do campus cultural da UFMG em Tiradentes e superintendente executiva da Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade.           

Todas as apresentações desta edição do festival, encerrada no último sábado, 12 de fevereiro, continuam disponíveis no canal da Diretoria de Ação Cultural (DAC) da UFMG no YouTube.

Matheus Espíndola