'Nature' publica artigo sobre importância do aprendizado de idiomas para o cientista
Estudo tem autoria de professor da UFMG
Fluente em russo, hebraico, espanhol e inglês – além do português –, o professor Alexander Birbrair, do Departamento de Patologia do ICB, recebeu, há cerca de cinco meses, um convite incomum do editor Michael Francisco, da Nature Biotechnology: ele deveria escrever um artigo sobre a importância do domínio de vários idiomas para o desenvolvimento de uma carreira científica.
A empreitada foi materializada no artigo Learn new languages to get ahead, publicado em outubro pelo periódico. Esse tipo de “encomenda” é pouco usual no universo das principais publicações científicas. “Normalmente artigos do gênero [de temática mais ampla], que não tratam de resultados científicos, são escritos pelos editores ou por especialistas em determinada área”, informa Birbrair.
O gosto pela divulgação do conhecimento e pela leitura de artigos sobre carreira científica o inspirou a escrever sobre a relação entre domínio de múltiplos idiomas e pesquisa científica. “O principal objetivo era tentar ajudar outras pessoas no começo da carreira. Fui ajudado por muitas pessoas durante minha trajetória com conselhos e orientações, por isso carrego esse sentimento de fazer o mesmo em relação a cientistas mais novos”, afirma.
No texto, Birbrair destaca que o inglês é a língua do mundo globalizado. “A pesquisa é global, e muitas vezes um projeto que desenvolvemos no Brasil conta com pesquisadores da China, da Índia, da Espanha e dos Estados Unidos. Para se entenderem, os pesquisadores precisam de um idioma comum. O inglês é a ferramenta que nos une”, diz ele.
Cinco línguas em 24 anos
Alexander Birbrair, de 30 anos, aprendeu russo na antiga União Soviética, onde nasceu. Aos três anos, mudou-se para Israel e lá aprendeu hebraico. Quatro anos depois, sua família migrou para o Brasil, e junto veio a oportunidade de aprender o português. O contato com a língua espanhola começou quando os pais do professor, à época um adolescente de 14 anos, foram morar na Espanha. Curiosamente, Birbrair aprendeu inglês relativamente tarde, aos 24 anos, quando foi cursar doutorado nos Estados Unidos.
Professor recém-admitido pela UFMG – ele ingressou em agosto passado –, Birbrair é graduado em Biomedicina pela Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia, e doutor em Neurociência pela Wake Forest University, da Carolina do Norte, Estados Unidos. Neste ano, concluiu estágio de pós-doutoramento em Biologia Celular no Albert Einstein School of Medicine, em Nova York, onde atualmente é pesquisador visitante. Tem experiência nas áreas de Biologia e Genética Molecular, Farmacologia, Fisiologia, Patologia, Biotecnologia e Biologia Celular.
Nos últimos tempos, o pesquisador tem-se dedicado ao estudo das células-tronco dos vasos sanguíneos. Em setembro, publicou, em colaboração com cientistas norte-americanos, artigo na revista Stem Cells Translational Medicine, no qual descreve estratégia terapêutica que se vale dessa modalidade de célula-tronco para combater o glioblastoma, tumor cerebral agressivo de baixo prognóstico de sobrevivência.
Artigo: Learn new languages to get ahead
Autor: Alexander Birbrair
Publicado na revista Nature Biotechnology, em outubro de 2016. Disponível no website da publicação.