Reportagem da TV UFMG aborda diagnóstico de autismo em adultos
Eles tendem a camuflar suas dificuldades para levar uma vida funcional e podem desenvolver outros transtornos
Muitos adultos não receberam o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) na infância. “Tímidos”, “excêntricos”, “esquisitos” ou mesmo com outros diagnósticos psiquiátricos, como fobia social, transtornos de personalidade ou esquizofrenia, esses homens e mulheres crescem camuflando suas dificuldades para ter uma vida funcional, seguindo regras e modelos sociais vigentes.
Selma Sueli Silva, 57 anos, obteve o seu diagnóstico em 2016, quando sua filha Sophia, também autista de alto funcionamento, identificou na mãe semelhanças entre o comportamento dela e o da mãe. Segundo Selma, o impacto do diagnóstico foi fundamental para o seu autoconhecimento como mulher e mãe. Ao analisar sua vida de trás pra frente, a jornalista e escritora rememorou as dificuldades que a acompanharam desde a infância. “Eu passei a me respeitar, a respeitar os limites do meu corpo, a entender por que eu não gostava das festas da empresa e não me sentia bem nos eventos sociais”, destaca Selma.
A professora Ana Amélia Cardoso, coordenadora do Programa de Atenção Interdisciplinar ao Autismo (Praia) da UFMG, explica que, com o desenvolvimento de pesquisas e aprimoramento dos critérios de identificação e mapeamento de sintomas, muitos homens e mulheres passaram a receber o diagnóstico nos últimos anos, já na fase adulta. Ainda que tardia, a descoberta pode oferecer alívio, leveza e qualidade de vida para a pessoa.
Para o psiquiatra Alexandre Hatem, o diagnóstico é uma etapa muito importante para o tratamento, uma vez que os adultos muitas vezes desenvolvem ansiedade, depressão e até mesmo dependência química em decorrência do transtorno, sem saber que ele pode ser o principal desencadeador dessas doenças. “Já adultos, eles vão ao psiquiatra que trata essas comorbidades sem enxergar o cerne do espectro autista", destaca. A camuflagem do autismo pode ocorrer em homens e mulheres, mas é mais comum entre elas, de acordo com a professora Ana Amélia, devido ao modo como as meninas são criadas para atender a expectativas sociais.
O autismo se expressa de distintas formas no adulto. Saiba mais sobre o transtorno na reportagem produzida pela TV UFMG. Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o espectro.
Ficha técnica: Olívia Resende (produção e edição de conteúdo) e Marcelo Duarte (edição de imagens)