Pesquisa e Inovação

Pesquisa internacional investiga hábitos alimentares e conhecimentos sobre entomofagia

Norteada por temas como sustentabilidade e segurança alimentar, investigação quer identificar propensão ao consumo de insetos na dieta

A pesquisa intitulada EISuFOOD, acrônimo em inglês para insetos comestíveis como alimentos sustentáveis, conta com a participação de 18 países, dentre eles o Brasil, representado pela UFMG. Atualmente, o estudo está no estágio de coleta de dados para avaliar os conhecimentos e a percepção dos participantes a respeito de insetos para o consumo humano. A pesquisa é coordenada por Raquel Guiné, professora do Instituto Politécnico de Viseu, em Portugal, e conta com a participação de Vanessa Ferreira, professora no Departamento de Nutrição na Escola de Enfermagem da UFMG. Para participar, é necessário ter mais de 18 anos e responder o questionário disponível aqui.

Mas por que investigar hábitos alimentares e consumo de insetos é importante? A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), estima que mais de 2 bilhões de pessoas já são adeptas da alimentação à base de insetos. Entretanto, em países ocidentais, a entomofagia, que é o consumo de insetos por humanos, ainda é um tabu em função dos aspectos culturais, que determinam o que se come e o que não se come. Ainda segundo a ONU, em 2050, a população mundial poderá passar de 9 bilhões de habitantes. Sendo assim, será necessário aumentar a produção de alimentos, o que fará também aumentar as ameaças ao meio ambiente. Dessa forma, os insetos comestíveis podem ser considerados a alimentação do futuro, pois, além de possuírem um alto valor nutricional, são necessários menos recursos naturais para criá-los. A professora Vanessa Ferreira aponta que, dependendo da espécie, do processamento e do modo de consumo, o teor proteico dos insetos varia de 13 a 77%. 

O que já se sabe sobre a produção de insetos é que ela é menos poluente e para produzir 1kg de proteínas de insetos, são utilizados menos recursos quando comparado a 1kg de proteína de carne de porco ou de vaca, por exemplo. Conforme aponta a coordenadora da pesquisa,  “os insetos surgem não como a única forma de consumirmos proteína, mas como uma forma alternativa que nos permite ir diminuindo a produção de outros tipos de animais para consumo humano e, assim, termos o melhor balanço para o nosso ecossistema e para a saúde do planeta”.

Equipe: Amanda Gomes e Vitória Fonseca (produção e reportagem); Antonio Soares (imagens); Otávio Zonatto (edição de imagens); Renata Valentim (edição de conteúdo)