Pesquisador do IGC identifica feições tropicais nos solos da Antártica
Material típico de regiões úmidas e quentes, ferricrete, ou canga, foi encontrado no continente gelado
A literatura especializada que trata da origem dos solos da Antártica considera que o intemperismo físico – processo de fragmentação das rochas pelo congelamento e descongelamento da água em seu interior – seria predominante na região, formando, assim, os solos jovens, rasos e pouco desenvolvidos do continente mais gelado do planeta. Entretanto, estudo publicado pelo doutorando Davi do Vale Lopes, do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFMG, revelou a presença, em solo antártico, de um material conhecido como ferricrete, ou canga, que é típico de regiões úmidas e quentes.
Davi Lopes, que também é vinculado ao núcleo de pesquisas Terrantar, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), explica que a Antártica pode ser dividida em duas partes: uma porção mais fria e seca, a Antártica Continental, onde a temperatura do ar chega a -30ºC, e a Antártica Marítima, onde há maior volume de água em estado líquido, e as temperaturas são um pouco mais amenas, com média anual de -1,8ºC, chegando a 1,6ºC no verão (dezembro a fevereiro), com precipitação anual média de 437 milímetros.
Em amostras coletadas em duas expedições à Antártica, ainda como mestrando na UFV, Davi Lopes analisou as propriedades morfológicas, físicas, químicas, microquímicas e mineralógicas dos solos. Seu estudo é abordado em matéria publicada na edição 2.065 do Boletim UFMG, que circula nesta semana.