Pioneiros relembram movimento que resultou na criação do Cedeplar
A experiência de criação do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) foi abordada nesta quarta-feira, 31, em mesa redonda composta por alguns de seus fundadores, que lideraram movimento durante as gestões dos reitores Aluísio Pimenta e Gérson Boson.
Na mesa-redonda 50 anos do Cedeplar, 55 anos do BDMG, o Planejamento e o Desenvolvimento de Minas Gerais, o professor Paulo Haddad relatou que tudo começou com o projeto de implantação de uma escola de economia na UFMG, uma vez que, nos anos 1950, a Faculdade funcionava como uma miniuniversidade de ciências sociais.
“Foi recrutada nova geração de professores e criado um sistema bolsas de estudos, que funcionou como incubadora de professores. O ambiente era favorável, pois lá circulavam intelectuais como Celso Furtado, Ignácio Rangel e Fernando Henrique Cardoso”, relatou.
O professor Carlos Maurício de Carvalho Ferreira pontuou que “em um contexto de inconformismo, em que efervesceram questões culturais, filosóficas e ideológicas, surgiu o impulso para a inovação”. “Não tínhamos prestígio e qualificações acadêmicas para um projeto de tamanha magnitude, mas aceitamos o desafio de dar um salto no ensino de economia”, afirmou.
Segundo Carlos Maurício, o Cedeplar nasceu da ideia de um grupo de professores e estudiosos, que enxergaram a necessidade de trazer para Minas o conceito de economia regional, oriundo da filosofia alemã. “Surgiram muitas publicações que contribuíram para criar uma massa crítica, de dimensão interdisciplinar. Isso desencadeou o projeto de fundação de um centro de planejamento voltado para realidades econômicas localizadas”, lembrou.
A participação dos reitores Aluísio Pimenta e Gerson Boson foi analisada pelo professor José Alberto Magno de Carvalho. “Aluísio era inovador e nos apoiou bastante no momento inicial. Seu sucessor, Gerson Boson, era tido como conservador, o que gerou receio quanto à continuidade do projeto. Mas, para nossa surpresa, ele também nos deu total apoio”, contou.
José Alberto relembrou que, nas primeiras décadas de existência do Cedeplar, a migração de economistas da UFMG para o governo do estado gerou algumas dificuldades. “A saga foi marcada por superação, persistência e sabedoria”, disse.
Elite intelectual
Sobre a fundação do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, ocorrida há 55 anos, o ex-reitor da UFMG Clélio Campolina lembrou que, embora a economia mineira vivesse um momento de declínio, havia no estado uma influente elite intelectual e política que acabou alavancando o projeto. “Era recorrente o discurso da decadência da economia mineira, e o plano de recuperação incluiu a reivindicação de uma agência de desenvolvimento em Minas”, contou.
O atual presidente do BDMG, Marco Aurélio Crocco, que também é professor da Faculdade de Ciências Econômicas, enfatizou que a instituição desempenhará, em longo prazo, papel fundamental no crescimento econômico de Minas Gerais. “A economia mineira tem perdido importância em relação a outros estados. Será preciso resgatar a importância do planejamento como instrumento de gestão”, defendeu.