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Professor da UFMG integra grupo que discute tratado sobre decisões judiciais estrangeiras

Delegações de mais de 80 países voltam a se reunir em Haia, na Holanda, nesta semana

Fabrício Polido (quarto, da esquerda para direita) junto aos demais integrantes da delegação brasileira
Fabrício Polido (quarto, da esquerda para direita) junto com outros integrantes da delegação brasileira Foto: Arquivo pessoal

O professor Fabrício Polido, da Faculdade de Direito, especialista nas áreas de Direito Internacional Privado, Direito Processual Internacional e Direito Internacional da Propriedade Intelectual, participa, nesta semana (13 a 17 de novembro), na Holanda, de uma reunião da Comissão Especial da Conferência da Haia de Direito Internacional Privado, da qual o Brasil é membro desde fevereiro de 2001. 

No encontro será negociada uma convenção sobre reconhecimento e execução de sentenças estrangeiras em matéria civil e comercial, iniciativa mundialmente conhecida como “Judgments Project”. Nesta página podem ser consultados os documentos preliminares que embasam a reunião.

O professor Polido é um dos integrantes da delegação brasileira que participa do encontro junto com comitivas de mais de 80 países, além de organizações internacionais da sociedade civil. Coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores, o grupo de especialistas brasileiros é formado por diplomatas de carreira do Ministério, membros do Departamento de Direito Internacional da Advocacia Geral da União (AGU), integrantes do Ministério da Justiça e professores especialistas na área de Direito Internacional Privado de diferentes universidades brasileiras. 

Segundo Polido, o Brasil e os demais membros da Conferência da Haia vêm discutindo, desde 2011, a oportunidade de adotar um tratado multilateral que estabeleça regras uniformes para a circulação de decisões judiciais estrangeiras entre os países, reforçando os sistemas nacionais de cooperação jurídica internacional. A partir dessas discussões, uma minuta da futura convenção foi elaborada e vem, desde então, sendo aprimorada encontro a encontro. A expectativa é que a convenção resultante desse processo seja efetivamente assinada em 2018.

Previsibilidade e segurança

Segundo Fabrício Polido, o objetivo da delegação brasileira é defender junto aos demais Estados-membros questões de interesse estratégico do Estado brasileiro, no que tange ao reconhecimento de execução de sentenças estrangeiras. “As questões mais sensíveis para o Brasil dizem respeito às garantias processuais das partes, ao direito de propriedade, à imunidade de jurisdição do Estado brasileiro e à propriedade intelectual”, explica o professor. “Estamos negociando e transpondo os consensos para a minuta. Adotar uma convenção comum que contemple esses temas oferecerá previsibilidade e segurança para as negociações internacionais”, afirma.

Desdobramento do projeto de pesquisa interinstitucional O Judgments Project e a modernização dos sistemas domésticos de reconhecimento e execução de decisões estrangeiras, essas reuniões regionais são promovidas pelo grupo interinstitucional de pesquisa Direito Internacional Privado no Brasil e nos Foros Internacionais.

Sobre o evento
A Conferência da Haia de Direito Internacional Privado (Hague Conference on Private International Law) é uma organização intergovernamental permanente que atua para promover, entre seus Estados-membros, a unificação progressiva das regras de direito internacional privado. A primeira sessão da conferência foi realizada em 1893. Atualmente, a organização conta com 83 países-membros. Além deles, outras 68 nações já assinaram, ratificaram ou acederam a uma ou mais convenções, apesar de não serem membros. A delegação brasileira é uma das maiores entre todos os Estados-membros.