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Professora do ICB tranquiliza sobre reações da AstraZeneca e de outras vacinas contra a covid-19

Em entrevista à Rádio UFMG Educativa, Jordana Coelho dos Reis recomenda: 'tem que tomar a segunda dose'

Fiocruz produz as vacinas da AstraZeneca/Oxford no Brasil
Vacinas da AstraZeneca/Oxford são produzidas no Brasil pela FiocruzReprodução | Facebook Fundação Oswaldo Cruz 

Com o avanço da vacinação no país, aumentaram também os relatos de pessoas que tiveram reações adversas às vacinas. Os efeitos colaterais estão previstos na bula dos três imunizantes disponíveis no Brasil (Coronavac, AstraZeneca e Pfizer) e costumam passar em poucos dias. Como a produção da Fiocruz está aumentando, a vacina AstraZeneca/Oxford e as reações a ela têm ganhado destaque no país, inundando as redes com vários memes. 

Todas as reações foram mapeadas na fase 3 dos testes da vacina: sensibilidade ou dor no local da aplicação foi relatada por mais da metade dos voluntários; dor no corpo e mal-estar foram citados por mais de 40%; febre e calafrios, por mais de 30%; dor nas articulações e náusea foram sentidas por mais de 20% dos voluntários.

'Acordando' o sistema imune
Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, a professora Jordana Coelho dos Reis, do ICB, esclarece o mecanismo das vacinas, sobretudo a da AstraZeneca/Oxford, e seus possíveis efeitos colaterais. A pesquisadora explicou que a função de uma vacina é “acordar” o sistema imune para que ele fique atento quando tiver contato com o vírus e possa atacá-lo mais rapidamente. Como o organismo está lidando com um corpo estranho, podem ocorrer reações desagradáveis, fenômeno que costuma variar de uma vacina para outra.

No caso da AstraZeneca, os efeitos são mais relatados na primeira dose. Em relação ao imunizante da Pfizer, as queixas costumam vir na segunda. De acordo com a professora, isso ocorre em razão da diferença de composição das vacinas. A do laboratório anglo-sueco é mais complexa, pois utiliza um vírus inteiro, um adenovírus, que contém um fragmento do coronavírus, a proteína spike. O imunizante desenvolvido pela empresa estadunidense, por sua vez, tem um pequeno trecho de RNA. A pesquisadora também afirmou que as reações geralmente são um sinal de que o corpo está produzindo imunidade contra a doença, mas isso não significa que aqueles que não sentiram nenhum efeito não estejam protegidos, pois o surgimento desses desconfortos varia de um organismo para outro.

A professora Jordana destacou que não há motivo para duvidar da segurança da vacina, uma vez que esse quesito é comprovado ainda na fase 1 de testes. Outro tópico explorado foi o motivo de, aparentemente, os efeitos serem mais sentidos entre os mais jovens. De acordo com a cientista, a explicação passa pela deterioração natural do sistema imunológico causada pelo envelhecimento. Ela faz com que a resposta imune seja mais baixa nas idades avançadas, reduzindo também os efeitos colaterais. 

Desconforto passageiro
A docente, que recentemente recebeu a primeira dose da AstraZeneca, contou sua experiência pós-vacina e fez um apelo para que ninguém desista da segunda dose de nenhum imunizante. "A gente tem que tomar a segunda dose. Os eventos adversos vão ocorrer. Se houver hospitalização ou algum diagnóstico de tendência a um quadro trombofílico, é importante que essa pessoa seja acompanhada e que a segunda dose seja avaliada por um grupo especializado de médicos, infectologistas e vacinologistas. Eu por exemplo, tive uma febre, calafrios, dor no corpo por 24 horas aproximadamente. Algumas pessoas sentirão os efeitos um pouco mais. É um desconforto de um ou dois dias, no máximo, e logo a gente vai estar com uma resposta imune reforçada contra o Sars-CoV-2. Não sabemos se vamos pegar a doença e ter um caso grave ou se vamos nos reinfectar. Portanto, é importantíssimo tomar a segunda dose", orientou Jordana Reis. 

Produção: Alessandra Dantas e Laura Portugal, sob coordenação de Luiza Glória
Publicação: Alessandra Dantas