Revolução genética é tema da sexta edição do UFMG Talks
Professores Silvia Guatimosim e Ivan Domingues debateram as implicações biológicas e éticas das tecnologias de manipulação do DNA
Está disponível no canal do YouTube da TV UFMG a sexta edição do UFMG Talks, programa que contou com a participação dos professores Silvia Guatimosim, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB, e Ivan Domingues, do Departamento de Filosofia da Fafich. O UFMG Talks foi gravado no dia 9 de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil, espaço que integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
Silvia Guatimosim apresentou ao público exemplos de pesquisas desenvolvidas a partir da manipulação do DNA. De acordo com ela, a edição genética é, na verdade, uma técnica que pode ser resumida ao ato de “colocar” um gene de um organismo em outro. A professora discorreu sobre técnicas, processos e ferramentas que fazem uso da edição do código genético e que têm sido fundamentais para o diagnóstico precoce de doenças, como as cardiovasculares. “No mundo, uma em cada 10 pessoas, entre 30 e 70 anos de idade, morrem em decorrência de problemas no coração”, informou.
Guatimosin disse, ainda, que uma nova revolução está em andamento. Ela citou exemplos de pesquisas que se têm valido de uma nova ferramenta de edição genética denominada CRISPR. Essa técnica, segundo a professora, promete agilizar e simplificar o tratamento de doenças. “A técnica permite ativar, inativar ou até mesmo alterar genes defeituosos de uma forma muito rápida e simples”, explicou.
Paradoxo
Os avanços da biotecnologia também estão entre os temas pesquisados pelo professor Ivan Domingues. O filósofo iniciou a sua apresentação com a projeção de uma das gravuras do artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher, que subverteu os princípios clássicos da perspectiva ao criar estruturas impossíveis. Para Domingues, a gravura é um convite à reflexão, que acena para “a incapacidade de distinguirmos o autor e a obra”. “É impossível saber qual é o modelo ou original e a cópia ou o simulacro. Biotecnologia e a filosofia nos convidam a refletir sobre este paradoxo”.
Para Ivan Domingues, a manipulação genética é cercada de controvérsia. “Os chineses chegaram primeiro à edição dos genes em bebês anti-HIV. E os biohackers americanos ficaram escandalizados, não aceitaram de jeito nenhum, e disseram que os chineses foram rápidos demais e não foram conscienciosos. Como se os biohackers americanos fossem conscienciosos, cuidadosos e seguissem o princípio ético da precaução”, comentou o pesquisador, ao se referir ao episódio em que um cientista chinês anunciou, no ano passado, a edição genética que produziu bebês gêmeos resistentes ao vírus HIV.
Assista ao UFMG Talks sobre revolução genética:
A iniciativa
Uma vez por mês, o teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, em Belo Horizonte, recebe o UFMG Talks, que promove uma conversa descontraída sobre algum tema de interesse da população. Inspirado nas palestras do TED (sigla em inglês para Technology, Entertainment and Design), o evento é gratuito e posteriormente é disponibilizado na íntegra no canal do YouTube da TV UFMG e no site da Pró-reitoria de Pesquisa.
O tema da última edição do UFMG Talks em 2019 será Música & dança: arte em movimento, com os professores Maurício Loureiro e Mônica Ribeiro. O encontro ocorre no dia 4 de dezembro, às 19h, no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade.
O UFMG Talks é uma iniciativa da Pró-reitoria de Pesquisa em parceria com o Centro de Comunicação da UFMG e conta com o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep)