Pesquisa e Inovação

Seminário aborda relação entre modelos econômicos, trabalho e saúde

No evento, pesquisador francês discutirá fundamentos da economia da funcionalidade

Participantes vão discutir impactos de atividades econômicas na saúde e no meio ambiente
Atividades econômicas têm impactos severos sobre a saúde e o meio ambiente Vinicius Marinho / Fiocruz

Com o intuito de aprofundar a compreensão das relações entre modelos econômicos e saúde, especialistas em saúde e segurança do trabalhador (SST), pesquisadores, sindicalistas e representantes de associações patronais participam, na UFMG, nos dias 11 e 12 de abril, de seminário que vai discutir possibilidades de transformação das situações de trabalho, com base na economia da funcionalidade e da cooperação.

O evento será realizado no auditório da Escola de Engenharia, campus Pampulha. As inscrições devem ser feitas pela internet. A programação combina intervenções de pesquisadores com relatos de experiências em SST que reconheçam a contribuição dos trabalhadores para construir e manter sistemas de produção de alta confiabilidade.

O Seminário modelos econômicos, trabalho e saúde é fruto de parceria entre a UFMG, o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), a Fundação Jorge Duprat e Figueiredo (Fundacentro) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) de Minas Gerais. O evento integra as jornadas promovidas pelo Centro de Estudos e Práticas em Saúde e Segurança do Trabalhador (Ceprasst).

Convergência
De acordo com os organizadores, o evento se situa na confluência de dois movimentos iniciados em paralelo que, agora, convergem em um programa integrado: a luta por melhorias das condições de trabalho e pela prevenção de acidentes e doenças dos trabalhadores e a busca de alternativas econômicas, por reconhecer que o capitalismo cria limitações ao desenvolvimento pleno das capacidades dos trabalhadores assalariados, afetando sua saúde física e mental.

O rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho será lembrado na discussão como exemplo de “modelo econômico que determina certo padrão de eventos adversos”. É intuito dos organizadores também colocar em perspectiva as mediações entre relações econômicas e acidentes. “Em termos de prevenção, análises críticas permitiram propor modelos econômicos alternativos para que esse padrão seja alterado e novos patamares de saúde e segurança dos trabalhadores (SST) sejam alcançados”, ponderam.

Programação
No dia 11, serão realizadas as mesas Demandas sociais em SST, Relações econômicas, trabalho e saúde no setor elétrico e Relações econômicas, trabalho e saúde no setor de mineração

No segundo dia, o evento contará com a participação dos pesquisadores franceses François Hubault e Christian du Tertre. François Hubault, da Université Paris I, abordará o tema O que pode a ergonomia quando o modelo econômico não muda?, na mesa Relações econômicas, trabalho e saúde na agroindústria. Christian du Tertre, da Université Paris VII, participará da discussão Modelos econômicos, trabalho e saúde, com o tema A perspectiva da economia da funcionalidade e da cooperação (EFC): por um modelo servicial da performance integrando economia, atividade e afetos. O pesquisador é um dos precursores da economia da funcionalidade e da cooperação na França, desenvolvida, sobretudo, a partir da experiência da retomada do desenvolvimento na região do Norte do seu país, nos anos 1990, após a decadência da indústria da mineração e siderúrgica.

O debate Dispositivos sociais de intervenção para responder às demandas em SST: o que fazer? encerrará o seminário, com a participação de integrantes da comissão coordenadora: Francisco Lima, professor da Escola de Engenharia da UFMG, Eugênio Diniz, tecnologista da Fundacentro, e Renata Bastos, professora do IFMG – campus Ouro Preto.