Trabalho Infantil: os efeitos sociais, físicos e psicológicos que podem aparecer na vida adulta
Doutor em Saúde Pública pela Fiocruz detalha papel do SUS na identificação de casos e alerta que o combate à prática envolve diversos setores da sociedade
O Dia Mundial contra o Trabalho Infantil é lembrado em 12 de junho. A erradicação dessa prática é o objetivo de diversas organizações brasileiras como o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). São várias as consequências de quando uma criança é submetida à situação laboral, como traumas físicos por conta de acidentes com animais rurais ou máquinas de trabalho, dificuldades para criar vínculos afetivos na vida adulta, adultização da criança, que acaba tendo que lidar com questões que exigem uma maturidade muito avançada e as fazem perder parte da infância. Também podemos citar o abandono escolar, que é apontado como uma das grandes consequências da exploração infantil, e a falta de acesso à democracia.
O último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, diz que, no Brasil, 1,8 milhão de crianças e adolescentes estão em situação de trabalho infantil, o que corresponde a quase 5% da população entre 5 e 17 anos. Dentre esses, 66% são pretos ou pardos. A evasão escolar também é apontada pela pesquisa. Quando uma criança trabalha, as chances de sair da escola sobem de 3,4% para quase 14%. A vivência da infância é essencial para a formação das capacidades físicas, psicológicas, emocionais e sociais, gerando um impacto direto na vida adulta. Às vésperas do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, o programa Conexões abordou as consequências da imersão da criança no mercado de trabalho em diversas áreas da vida.
O convidado para refletir e analisar esse cenário foi Valdinei Aguiar Junior, professor, psicólogo, Doutor em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e um dos autores do livro Trabalho Infantil: desafios e abordagens em saúde pública. O docente explicou que as principais consequências podem não ser observáveis de imediato na criança, mas podem aparecer na vida adulta. O pesquisador enfatizou a importância de dar voz às crianças, pois em muitas situações elas estão passando por situação de trabalho infantil e não falam, o que dificulta o combate à prática. Ele ainda detalhou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) na identificação de casos e medidas de enfrentamento.
Ouça a conversa com a apresentadora Luiza Glória:
O combate ao trabalho infantil envolve diversos setores da sociedade, desde as esfera de poder, passando por escolas, até entidades da sociedade civil. O principal canal de denúncia é o Disque 100. Outra forma de denunciar é pelo site do Ministério Público do Trabalho.
Produção: Alícia Coura e Arthur Resende, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória
Publicação: Alessandra Dantas