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UFMG Talks vai discutir implicações éticas da revolução genética

Professores Silvia Guatimosim e Ivan Domingues conversam com o público nesta quarta

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Representação do DNA, base de toda a revolução genética observada nos dias de hoje
Pixabay

Já é possível editar o DNA de praticamente qualquer organismo. A tecnologia possibilita o diagnóstico e o tratamento de várias enfermidades que têm causas genéticas, torna plantações e rebanhos mais resistentes a pragas e doenças, evita a rejeição de órgãos transplantados. Mas quais os dilemas relacionados a essa facilidade de alterar o genoma de um organismo, incluindo o do ser humano? 

Na próxima edição do UFMG Talks, os professores Silvia Guatimosim, do ICB, e Ivan Domingues, da Fafich, traçam um panorama das pesquisas de ponta desenvolvidas na UFMG e discutem as implicações éticas decorrentes dessa tecnologia. A conversa ocorrerá nesta quarta, dia 6, a partir das 19h, no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte (CCBB-BH), localizado na Praça da Liberdade. A entrada é gratuita, e os ingressos serão distribuídos no mesmo dia, a partir das 18h, na bilheteria.

A revolução genética começa quando a ciência consegue manipular o DNA a partir de cortes, duplicação e descobrimento das sequências gênicas responsáveis pela codificação de proteínas associadas ao desenvolvimento de doenças. “Essa revolução nos permite, de maneira rápida e fácil, ativar, inativar ou substituir genes defeituosos”, resume Sílvia Guatimosim.

Em sua apresentação, a professora falará sobre pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na UFMG, em que animais geneticamente modificados são utilizados como ferramenta para estudar novas terapias empregadas no tratamento de doenças cardiovasculares. Segundo Guatimosim, isso possibilitará também o desenvolvimento de pesquisas para compreender o processo de maturação das células cardíacas, de modo que, no futuro, essas células sejam colocadas na terapia celular do miocárdio lesado por um infarto.

Uma nova ferramenta genética, a Crispr, baseia-se em um sistema natural de modificação do genoma em bactérias que possibilita a manipulação de genes defeituosos de uma maneira muito rápida e eficiente. “A Crispr muda a forma como concebemos o tratamento de doenças. Podemos manipular o gene de humanos, e isso tem implicações éticas”, afirma Guatimosim.

Consequências antropológicas
Analisando justamente a dimensão ética do fenômeno, o professor Ivan Domingues proporá discussão sobre as consequências antropológicas das novas biotecnologias e seu impacto sobre a própria ideia de humanidade. “Tudo está diferente desde o século 20, e a filosofia está inserida nesse debate. Temos de pensar as biotecnologias em relação à própria evolução dos seres humanos por meio da eugenia”, explica Domingues.

Segundo o professor, algumas dessas tecnologias vão contra a natureza e a evolução, como é o caso da clonagem e da transgenia. “Elas subvertem as noções de família e parentesco. A transgenia turbina o organismo, as pessoas têm medo disso. A humanidade precisa refletir sobre os parâmetros que devem seguir, se vai aceitar ou não correr o risco”, afirma o filósofo.

Ivan Domingues e Sílvia Guatimosim discutem as implicações da revolução genética
Ivan Domingues e Sílvia Guatimosim são os convidados do UFMG TalksDivulgação

Trajetórias
Ivan Domingues é professor titular do Departamento de Filosofia da UFMG, atua em várias áreas da filosofia contemporânea: teoria do conhecimento, epistemologia das ciências humanas, hermenêutica do texto filosófico, filosofia da técnica, ética e conhecimento. Cursou graduação (1975) e mestrado (1980) em filosofia na UFMG e doutorado (1989) em filosofia na Sorbonne, Universidade de Paris I, na França. É coordenador do Núcleo de Estudos do Pensamento Contemporâneo (NEPC), onde desenvolve a pesquisa As biotecnologias e o futuro da humanidade. Ex-diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT/UFMG), Ivan Domingues foi agraciado com o Prêmio Fundep em 2005.

Silvia Guatimosim é professora do Departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG, atua em pesquisas sobre cardiologia molecular com ênfase em nanobiologia, sinalização intracelular de cálcio, cardiomiócitos, acoplamento excitação-contração, disfunção cardíaca e geração de novos modelos geneticamente modificados. Cursou graduação (1993) e doutorado (1999) em Bioquímica e Imunologia na UFMG. De 1999 a 2003, fez pós-doutorado na University de Maryland, nos Estados Unidos, onde também atuou como professora visitante de 2003 a 2004, além de ter sido professora visitante do Pediatrics Boston Children’s Hospital, na Harvard Medical School.

O UFMG Talks é promovido pela Pró-reitoria de Pesquisa da UFMG em parceria com o Centro de Comunicação (Cedecom), com o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). Com duração de 60 minutos, a conversa é disponibilizada em vídeo no canal da TV UFMG no YouTube e no site da Pró-reitoria de Pesquisa.

A última edição do ano está agendada para 4 de dezembro com o tema Música e dança: arte em movimento. Os convidados serão os professores Maurício Loureiro, da Escola de Música, e Mônica Ribeiro, do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes (EBA).

Samuel Resende