Festival de inverno pode sair de Ouro Preto

Pesquisa explica fascínio dos romances sentimentais

Tese mostra que erotismo camuflado das histórias de Bianca, Julia e Sabrina ajuda leitoras a superar tabus sexuais

Sabrina, Júlia, Bianca ... Qual é o livro que mais atrai Marias, Joanas e Edilenes? Por que mulheres de classe baixa, com pouco mais de quatro anos de estudo, "devoram" três ou quatro romances sentimentais por semana? Essas perguntas intrigaram a professora Lígia Maria Moreira Dumont, da Escola de Biblioteconomia, e culminou em seus estudos de doutorado, defendida em junho na Escola de Comunicação da UFRJ. Intitulado O imaginário feminino e os romances publicados em série , o trabalho resulta de pesquisas na periferia da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A professora escolhe iniciar uma pesquisa quando usar a resistência de leitores em contato com outros tipos de publicação. Segundo essas leituras assíduas, a leitura de outros livros significa perda de tempo. "Se elas gostam tanto de ler, por que não abrem o leque de opções?", Questionava.

A pesquisadora entrevistou 15 mulheres, entre 20 e 45 anos, reunindo 90 horas depoimentos gravados. Como entrevistadas escolhidas, eram freqüentes, há menos de três anos, na biblioteca de carros atividade de extensão da Escola de Biblioteconomia que visitam semanalmente os bairros da periferia de BH e algumas cidades da Região Metropolitana, lendo livros para comunidades socioeconômicas e culturais menos favorecidas. "Uma das leitoras e 40 minutos para chegar ao carro e pegar os livros", conta uma professora. O principal objetivo da pesquisa era identificar o motivo da leitura de romances em série e os efeitos prováveis dessa prática na vida das mulheres.

"Não foi fácil fazer entrevistas entrevistadas sobre um motivo real que motivou a leitura", explica. Segundo Lígia Dumont, que realmente atrai as mulheres ou é erotismo nos romances: "Não são situações pornográficas. É um erotismo camuflado e eufêmico, que deixa a leitora em suspense e permite que sua imaginação entre as ações". A professora conta como admiradoras de Sabrina, Júlia e Bianca vivem em situações de grande repressão. "Passar o pai para o marido e conviver com muitos tabus. O tratamento com erotismo é complicado e reprimido. Os romances conseguem que eles libertam alguns tabus e convivem melhor com sua sexualidade".

A professora pensou também uma ligação feita entre a capa e o conteúdo dos livros. "Os romances são escolhidos pela ilustração da capa, que sempre traz um casal apaixonado", revela um pesquisador, lembrando que as imagens são muito parecidas, mas como os leitores sabem as diferenças e fazem a escolha pelo toque de erotismo. "Constituir que o prazer da leitura pode ser um escape para as leitoras, mas não é uma alienação. Elas sabem distinguir uma realidade da fantasia", concluiu Lígia Dumont.

Priscila Cirino