UFMG e Servas levam brincadeira a sério
UFMG faz lista de brinquedos pedagógicos para o Governo distribuir em creches do estado
Na década de 70, a música de abertura de um programa infantil de TV preconizava: "Nada é mais antigo do que cowboy que dá cem tiros de uma vez". Se naquela época já era anacrônico alguém se divertir com a violência, nos anos 90 a filosofia é levar a sério os entretenimentos infantis e usar brinquedos não violentos para educar.
Adeus ao revólver de Tom Mix e à espada do Zorro. Parceria firmada entre a UFMG e o Governo de Minas vai levar a cerca de 56 mil pimpolhos de 870 creches do estado brinquedos que contribuem tanto para a formação cultural quanto para o desenvolvimento intelectual.
Aprender brincando é o que promete a lista dos 24 itens que compõem a Caixa de Brinquedos pedagógicos adquirida pelo Serviço Voluntário de Assistência Social de Minas Gerais (Servas-MG), sob a orientação do Laboratório do Brincar do departamento de Psicologia. Brinquedos como passa-passa, ônibus com pinos e trem articulado vão aprimorar a coordenação motora das crianças. O domínio para definir cores, tamanhos, pesos e seqüência será refinado com a balança, os jogos de argola e os blocos de encaixe. Fantoches vão explorar a criatividade e a emoção para desenvolver o sentido de família, a sensibilidade e a capacidade de apreensão do mundo. Uma cartilha inserida nas caixas de brinquedos ajudará a orientar os profissionais das creches.
Ensinar a brincar
A idéia da Caixa de Brinquedos surgiu no início do ano passado, quando o Servas fez uma consulta ao Laboratório do Brincar sobre parques para as creches do interior. "Lembramos que, além das brincadeiras ao ar-livre, é necessário dar atividade às crianças nos dias de chuva ou de muito calor, e sugerimos a criação da Caixa", conta o professor de Psicologia Alysson Massote de Carvalho, coordenador de Programas e Projetos Sociais da Pró-Reitoria de Extensão. A partir dessa consulta, a equipe do Laboratório fez uma seleção de brinquedos pedagógicos disponíveis no mercado e o Servas os comprou.
A parceria com o Servas prevê que, enquanto as crianças aprendem brincando, os profissionais das creches também poderão "aprender a ensinar a brincar" com uma equipe de professores e alunos do departamento de Psicologia, coordenada pelo professor Massote. "A UFMG vai ministrar aos educadores um curso de 240 horas com o objetivo de levar os profissionais a refletir sobre o ato de brincar", explica Edison José Corrêa, Pró-Reitor de Extensão, que financia o Laboratório do Brincar.
A primeira turma, composta de 1.125 educadores da Região Metropolitana de Belo Horizonte, iniciará suas aulas na UFMG nos dias 21 e 22 deste mês. Edison José Corrêa antecipa que no próximo ano serão incorporados ao programa Caixa de Brinquedos nove projetos de alunos da área de saúde que também trabalham com creches. "Queremos aproximar estudantes das áreas de saúde e de educação para desenvolver melhor a iniciativa", conclui o Pró-Reitor.
Instituições interessadas em parcerias como essa devem procurar a Proex. Telefone: 499-4065.