UFMG projeta campus do século 21

Quem não sonhou ser jogador de futebol?

Projeto Esporte Universitário da UFMG oferece treinamento de qualidade aos futuros craques

O sonho cantado pela turma do Skank é o mesmo dos adolescentes Shante, Ricardo, Welton, Pedro, Caíco e Wendel. Eles jogam num time que deseja repetir os gols de Ronaldinho, os dribles de Denilson e os lançamentos do francês Zidane em estádios lotados e ouvir os seus nomes gritados pela torcida. Alunos do Curso de Iniciação em Futebol do Projeto Esporte Universitário da UFMG (Proesp), o grupo quer driblar o anonimato e conquistar a fama e a fortuna que mudaram a vida dos artistas da bola. 

"Todo menino quer ser jogador", confirma Welton Júnior, 14 anos, ao reconhecer que dinheiro e notoriedade pesaram bastante em sua escolha. Mas há também quem não consegue viver longe da bola, como o seu colega Ricardo Rodrigues, um ano mais velho: "Vale tudo pelo prazer de jogar futebol". 

O sonho de muitas gerações de craques do futebol brasileiro começou a virar realidade nos campos de periferia das grandes cidades. Com o fim da várzea, decretado pela especulação imobiliária, os futuros jogadores hoje recorrem às escolinhas de futebol. "As crianças não têm mais lugar para jogar e os pais preferem a comodidade e a segurança das escolas", diz Cristiano Nogueira, coordenador e professor do curso do Proesp. 

Para o funcionário da Fundep, José Sávio dos Santos, este fator foi decisivo na hora de matricular seu filho Sávio Amorim Santos, 8 anos, na escolinha. 

"Aqui é próximo do meu trabalho e fica fácil levá-lo ao Ceu. Além disso, o clube é muito seguro", explica. Ele conta que o filho já gostava de jogar com seus colegas de rua. "Resolvi incentivá-lo porque acho que tem talento", elogia o pai coruja, que presenteou o garoto com uma chuteira nova no Natal. 

De olho nas oportunidades de virarem grandes jogadores, os garotos acreditam que essas escolas servirão de ponte para o profissionalismo, pois é lá que os `olheiros buscam os novos craques.

Incentivos

O curso do Proesp procura transformar os exercícios em situações de jogo. "Não é só um mero bate bola. Os professores privilegiam as peculiaridades de cada aluno através de um acompanhamento individual", diz Nogueira. 

Os garotos começaram a treinar no Sete de Setembro há pouco mais de um mês e gostaram do que viram. "A estrutura aqui é muito boa", elogia Welton. Mas o incentivo maior reside na chance de serem convidados para jogar no UFMG/Sete de Setembro, time profissional do Proesp que se prepara para disputar o Módulo B da Primeira Divisão do Campeonato Mineiro em 1999. 

Mas engana-se quem pensa que o Proesp só quer formar novos talentos para o UFMG/Sete. "O principal objetivo é manter as crianças numa atividade física. A escolinha vai servir também como laboratório para desenvolvermos uma metodologia de ensino no futebol", explica Nogueira. 

De fato, nem só de esporte vive a escola. A equipe de técnicos da escolinha também está atenta ao boletim escolar dos candidatos a jogador profissional. "Não adianta vir para cá para fugir dos estudos. Uma boa formação é fundamental, já que ninguém será jogador eternamente", alerta o coordenador. 

O Curso de Iniciação em Futebol do Proesp funciona no Centro Esportivo Universitário (Ceu) e na Assufemg. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 499-2376.

Simone Costa