Letras revive a odisséia de Ulisses
Imagine uma oportunidade de visitar o berço da civilização ocidental, ao mesmo tempo em que ele aprende sobre sua cultura, hábitos e doenças. Essa idéia foi materializada há três anos pelo Departamento de Letras Clássicas, da Faculdade de Letras, através do Curso de Atualização em Civilizações Antigas , que forma grupos de pesquisadores para harmonizar a teoria e o conhecimento no loco das culturas estudadas.
Criado em 1998, o curso é dividido em duas partes: uma teórica, de 36 horas / aula, e outra prática, baseada na viagem ao local estudado. Nos anos anteriores, houve visitas à Grécia Continental e às Ilhas Gregas. O roteiro deste ano de expedição à Magna Grécia do Sul da Itália e Sicília.
A professora Tereza Virgínia Barbosa, coordenadora do curso, define uma iniciativa essencial para impedir a construção de mitos e diminuir a influência recebida de manuais estrangeiros. Para isso, ela e outros professores do curso priorizam a reflexão própria de cada aluno, para criar uma visão do brasileiro sobre os Estudos Clássicos.
Antônio Martinez, chefe do departamento de letras clássicas, ressalta a importância da comprovação no local de estudo, principalmente pela diferença entre os livros e a realidade. "Certa vez, uma vez, forme uma âncora que ocupe toda a página do livro. Mais tarde, quando for observada no museu, vi que ela possui poucas dimensões", diz. De acordo com Tereza Barbosa, este é um dos maiores problemas que o pesquisador brasileiro enfrenta quando concorre com um profissional de outro país. "A informação que recebemos é toda filtrada por outros países da Europa e Estados Unidos, que estão mais próximos desses lugares e possuem mais recursos para realizar pesquisas".
O Curso de Atualização em Civilizações Antigas é aberto a todos os interessados, com o objetivo de formar professores e iniciar alunos e a comunidade em temas como helenismo e arquitetura templária. Tereza Barbosa explica que a viagem aos sítios arqueológicos e museus serve para encurtar distâncias e motivar o aluno que estuda Grego e Latim às vésperas do século 21, despertando seu interesse para a liberdade da descoberta do imprevisto. "Não podemos decorar tais línguas, temos que incorporá-las", afirma a professora.
Os professores que fazem a viagem ainda têm o compromisso de trazer imagens para incrementarem o acervo do departamento de Letras Clássicas, formado por um olhar subjetivo e brasileiro. Durante a viagem, os pesquisadores têm acesso a museus e bibliotecas, o que facilita o aprendizado. Tereza Barbosa conta que o principal objetivo do curso é pesquisadores pesquisadores apaixonados, através da experiência em lugares pitorescos e da convivência com os colegas, que também ensinam. "A Odisséia começa relatando que Ulisses viajou para diversos lugares para obter o conhecimento. Nosso princípio é o mesmo".
Antônio Martinez fala da importância do curso para popularizar e revigorar o estudo, contrariando a idéia de que cursos de línguas clássicas são geralmente elitizantes. Os coordenadores do Curso de Atualização em Civilizações Antigas ainda pretendem entrar em contato com outras instituições, para a realização de projetos em conjunto. A Academia Mineira de Letras já abrigou parte do curso do ano passado, apoiado também pela Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, que auxilia no contato com professores de todo o país para a realização das aulas teóricas.
Curso: Atualização em Civilizações Antigas
Parte teórica: Faculdade de Letras, a partir de junho
Parte prática: Viagem à Sicília e Roma, em outubro
Informações e inscrições: Departamento de Letras Clássicas da Fale Sala 4033 telefone 499-5122