UFMG entrega novo espaço cultural a Belo Horizonte

Sarandeiros cantam o Brasil

Grupo da UFMG promove resgate do folclore nacional

Uma das formas mais comuns de expressão da diversidade cultural do Brasil é a música. No entanto, nem todos os ritmos são amplamente difundidos e registrados, como é o caso das cantigas de domínio público das várias regiões brasileiras. O Grupo Sarandeiros, criado há 20 anos por duas professoras da Escola de Educação Física da UFMG, busca suprir esta carência com o lançamento de seu primeiro CD, Sarandeiros Cantam o Brasil. Contendo canções típicas de norte a sul do país, o CD possui também algumas composições do violeiro Chico Lobo.

O Sarandeiros, coordenado desde 97 por Gustavo Côrtes, professor de Folclore da Universidade, abriu-se para a comunidade e hoje é formado por 20 dançarinos profissionais. Seus músicos, responsáveis pela realização do CD, são alunos da Escola de Música. O grupo conta, ainda, com dez bolsistas da UFMG, que realizam atividades de extensão nas Escolas de Educação Física e de Música, na Faculdade de Educação, no Coltec, e na Creche Jardim Felicidade, no bairro Floramar, ensinando a população a dançar e tocar músicas folclóricas brasileiras. Gustavo Côrtes explica que a principal função do CD é a de levar a cultura popular para as escolas. Ele conta que a principal queixa de professores que tentam desenvolver o folclore é a de que não há material para mostrar às crianças. "O folclore é pouco trabalhado nas escolas. Quando isso acontece, é de forma estereotipada. Pretendemos mudar isso e promover uma visão de brasilidade nas manifestações culturais, acabando, por exemplo, com o preconceito contra o Nordeste", afirma Côrtes.

 

O novo espetáculo do Grupo Sarandeiros, Memórias de Meio Milênio, é uma homenagem aos 500 anos do descobrimento do Brasil e conta a história de seu povo através dos ciclos econômicos: o da cana-de-açúcar é representado por danças como o Coco; o ciclo do café, pelos ritmos do interior de São Paulo. Também são resgatadas manifestações como o Minueto europeu, por exemplo, do século 16, e danças de origem africana e indígena como a dos Orixás e Caboclinhos do Recife. Os primeiros ritmos brasileiros são representados pelos maracatus, a união entre manifestações de índios, negros e portugueses. A Festa do Boi encerra o show, por ser responsável pela difusão da música e dança pelo interior do país.

 

De acordo com Gustavo Côrtes, a seleção das músicas para o CD e para os espetáculos do grupo baseia-se no critério de representatividade regional. Depois de escolhidas, as canções receberam arranjos modernos, que complementam os sons dos instrumentos típicos, sem comprometer as obras. "Primamos pela qualidade. Os arranjos mais dinâmicos constituem nossa interpretação dos eventos tradicionais, a fim de trazê-los para a atualidade", explica. As pesquisas de danças e ritmos nas regiões, segundo o professor, são realizadas nos locais das festas e comemorações: "Estivemos em Alagoas, Brasília e Blumenau. Além disso, morei durante cinco anos no Pará, onde pude pesquisar todas as danças da região Norte", exemplifica Côrtes. CD: Sarandeiros Cantam o Brasil

 

Direção Geral: Gustavo Côrtes 

Produção: Tatá Sympa 

Gravação: independente 

Preço: R$ 20,00 

Locais de Venda: Trem Azul (Av. Álvares Cabral, 373 ­ Lourdes), ou pelo site www.sarandeiro.com.br

Ana Carolina Fleury