Nº 1521 - Ano 32 09.03.2006

PLANEJAMENTO

UFMG “aperta o cinto” e supera crise financeira

 

A gestão que ora se encerra superou aquela que talvez tenha sido a maior crise orçamentária da história da UFMG. Mais do que pagar dívidas, essa travessia significou a articulação de esforços em busca de uma solução institucional. “Hoje a Universidade não é devedora de ninguém e dispõe de recursos para todas as suas atividades, inclusive para algum investimento”, diz o pró-reitor de Planejamento, Ronaldo Pena.

Ele relembra que para superar as dificuldades financeiras que vieram à tona no final de 2003, a Instituição adotou, em 2004, medidas internas de economia, ao mesmo tempo em que fez gestões políticas para obter suplementação orçamentária e mudanças na matriz de distribuição de recursos pelo Ministério da Educação. “A cooperação da comunidade universitária foi fundamental para o sucesso do plano de superação da crise”, ressalta Pena.

Entre as principais medidas implantadas, a economia de 20% no consumo de energia elétrica e a racionalização do uso de combustíveis e da telefonia mostraram-se bastante eficazes. Segundo Ronaldo Pena, 2004 “foi o ano de apertar o cinto, mas o esforço prosseguiu, a Universidade não relaxou, passando a adotar uma forma mais econômica de trabalho”.

Ronaldo Pena destaca a “excelente articulação política da reitora Ana Lúcia Gazzola, inclusive no período em que ocupou a presidência da Andifes”, e lembra que à época a Universidade elaborou dossiê sobre a situação orçamentária e as razões da crise. O documento, apresentado a senadores e deputados, em especial às lideranças partidárias do Congresso Nacional, mostrava as distorções identificadas no repasse de recursos do governo às Ifes. “A dívida, na realidade, era do governo”, afirma o pró-reitor.

Campus 2000

Direcionar energias para enfrentar a crise não impediu que a Universidade encerrasse o atual mandato com saldo positivo também em outras áreas. O Projeto Campus 2000, cujas primeiras decisões foram tomadas a partir de 1998, deu seus principais frutos nos últimos dois anos. “Na atual gestão, foram inauguradas cinco obras e as duas últimas, em estado bem avançado de execução, só não foram concluídas devido ao atraso na negociação dos recursos”, diz Pena. O montante de R$48 milhões, utilizado nas obras do Campus 2000, resulta da venda de imóveis da Universidade ao governo federal.

O pró-reitor lembra que, na atual gestão, houve várias negociações para a venda os prédios à Prefeitura de Belo Horizonte, o que não se concretizou. “Graças a um esforço enorme da reitora Ana Lúcia junto ao governo, a ministros, ao vice-presidente da República e a deputados e senadores, o patrimônio da Universidade foi vendido para a União”.

Trabalho para o futuro

Outro importante projeto dessa gestão, na opinião do pró-reitor, é o Parque Tecnológico, cujas obras de infra-estrutura começam ainda este mês. “É um projeto que vai mudar a Universidade, tornando-a, cada vez mais, uma instituição que atrai cérebros”, define. Segundo Pena, todo pesquisador – seja estudante ou professor – que realiza estudos com aplicação no mundo real, sonha em ver seu projeto tornar-se um produto. “E vamos ter isso dentro do nosso campus. É um trabalho muito importante para o futuro, de enorme repercussão econômica, porque gera empregos e postos de trabalho de qualidade”, diz. O Parque é também uma idéia iniciada no mandato anterior, e levado a termo na atual gestão.

Ronaldo Pena cita outras obras que considera importantes como os novos prédios no Campus Montes Claros, o anexo à Escola de Enfermagem, a revitalização do Hospital Borges da Costa, e as obras no Hospital das Clínicas. Outro destaque, na opinião de Pena, é a atuação da UFMG na obtenção de emendas ao Orçamento da União.

Especificamente sobre o trabalho desenvolvido pela Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan), Ronaldo Pena destaca o diálogo mantido com os diretores de unidades, a execução do orçamento “com o máximo de transparência”, e a mudança da matriz orçamentária de Outros Custeios e Capital (OCC) das unidades. A matriz foi recalculada a partir de novos critérios, discutidos e desenvolvidos em 2003 e 2004, com os diretores das unidades, e aplicados a partir de 2005.