Pedagogia presencial e a distância: uma interação inevitável
Isabela de Souza Moura Suzana dos Santos Gomes
Em meio à crise de identidade profissional presente na sociedade brasileira, ser professor é, para muitos, uma escolha relevante. Ser professor é viver, envolver-se, arriscar-se. A identidade docente é, portanto, por excelência, espaço do novo, sempre em construção do modo de ser e de estar no mundo.
Nesse sentido, pode-se afirmar que há uma grande diferença entre dar aula e ser professor. Dar aula é transmitir informações. Ser professor demanda, entre outras características, ter consciência, sensibilidade, flexibilidade e dedicação. Ser professor é se encantar com as potencialidades da docência, é transitar entre o aprender e o ensinar nos contextos da vida humana.
Pensando nas potencialidades do percurso formativo e na sua influência na construção da identidade docente, o colegiado do Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da UFMG, por meio do projeto Intercâmbio pedagógico e cultural, organizou, no mês de outubro, o encontro dos alunos do curso de pedagogia presencial com os alunos de pedagogia a distância do Polo de Formiga, da Universidade Aberta do Brasil (UAB). O encontro, além de ter sido enriquecedor academicamente, favoreceu a interação dos participantes por meio de dinâmicas, troca de experiências e debates, que propiciaram excelentes diálogos sobre o desafio da formação docente na contemporaneidade.
Com a convicção de que ser professor é uma escolha que se faz e se renova no cotidiano, o secretário de educação de Formiga, professor Geraldo Reginaldo de Oliveira, acolheu, na sede do polo no município, os alunos do curso de pedagogia presencial da Faculdade de Educação da UFMG. O professor Geraldo expôs, durante o evento, a sua escolha pela profissão docente e ainda ressaltou: "Se pudesse escolher, seria [professor] de novo".
Ao longo do evento, foi destacada a ideia de que, para se chegar a uma educação pública de qualidade, é preciso investir na formação de professores, na valorização do profissional e na garantia de recursos didático-pedagógicos.
Certa desse ideário, a coordenação do curso de Pedagogia, em sintonia com o projeto formativo do Centro de Apoio à Educação a Distância (Caed/UFMG), tem adotado princípios para formação na modalidade EaD. A busca pela qualidade no processo ensino-aprendizagem é desafio constante, e os resultados desse investimento são visíveis em Formiga, como pudemos presenciar. No último concurso público realizado no município, por exemplo, 24 alunas foram aprovadas. Elas atuam como pedagogas, professoras nas séries iniciais do ensino fundamental e na educação infantil.
A construção de uma educação democrática e de qualidade demanda compromisso coletivo, leitura crítica do ambiente, participação ativa e sentido de responsabilidade. O contexto atual exige inovação e troca de experiências entre os profissionais que atuam em diferentes modalidades. A educação a distância como modalidade de ensino surgiu com a possibilidade de democratizar e como opção para a inclusão social. Aliada à educação presencial, ela pode trazer grandes benefícios na formação. Para isso, é necessário quebrar preconceitos e paradigmas, objetivando uma educação democrática e inclusiva.
Com as exigências da atualidade, as disciplinas presenciais não podem mais permanecer restritas apenas às ferramentas de sua própria modalidade, e as disciplinas a distância também devem aproveitar as atividades síncronas, aquelas que ocorrem em dias e horários determinados para que seja possível garantir a participação e encontros efetivos. Pela via da flexibilidade e da inovação, a interação das modalidades a distância e presencial se tornará, em breve, inevitável.
O encontro entre os alunos dos cursos de pedagogia da UFMG foi uma experiência positiva e que precisa se repetir por se tratar de um espaço de troca de experiências, conhecimento e partilha de saberes. Esse evento reafirmou a diversidade e a riqueza dos projetos formativos da UFMG. A visibilidade e o dinamismo deles dependem da atuação de cada um de nós.