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Arquivo Brasil
As nuances do saber
Processos envolvidos na construção do conhecimento são abordados em nova exposição interativa temporária de museu da UFMG na Praça da Liberdade
O que inventamos para medir o tempo, os tamanhos, os pesos? Algum saber é mais importante do que outro? Como são construídos modelos e protótipos? Essas são algumas das questões que a mais nova exposição Processaber, que será aberta nesta semana, no Espaço do Conhecimento UFMG, utiliza para provocar no público reflexões sobre aspectos do processo do conhecer.
A mostra, que permanece no museu de 13 de maio a 25 de setembro, integra o projeto de concepção de uma futura exposição de longa duração para o Espaço. Sua pesquisa e montagem foram financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e envolveu grupo interdisciplinar de professores e estudantes da UFMG.
Para discutir as nuances e conexões que perpassam a reflexão sobre o conhecimento, a exposição convida o visitante a exercitar seus sentidos, sua curiosidade e olhar crítico. Foram trabalhados aspectos como as formas de mensuração, as tentativas de criar padrões, comparar e estabelecer unidades universais de medidas, inventar e construir instrumentos e índices.
Na exposição, um jogo interativo mostra como são estabelecidos índices como o de Desenvolvimento Humano (IDH) e o de Felicidade Interna Bruta (FIB). Também são empregados instrumentos, testes e aparelhos que representam algumas das tentativas desenvolvidas pela humanidade de compreender o funcionamento da mente e do comportamento.
Os visitantes também poderão conferir uma variedade de objetos curiosos que integram a coleção do Museu do Cotidiano, reunida por Antônio Carlos Figueiredo. A montagem também agrupa galeria de maquetes, manequins, formas de sapateiros e moldes de costureiras que exemplificam objetos construídos para auxiliar o homem a conceber, visualizar e compreender o ambiente que o cerca.
Associações sutis
Em todo o andar ocupado pela Processaber, optou-se pela utilização de elementos que remetem às oficinas, à ideia de processo e
de construção. Faz-se ainda uma espécie de brincadeira com a utilização de cores complementares que, ao longo da exposição, “neutralizam-se” e convidam o visitante a perceber as interdependências, conexões e aproximações dos temas trabalhados. “Nosso interesse não é, por exemplo, demonstrar as diferenças entre as formas de medir utilizadas pela ciência e no nosso cotidiano, mas pensar nas medidas e nas maneiras de conhecer o mundo, questioná-lo e interpretá-lo”, explica Verona Segantini, coordenadora da exposição juntamente com Bernardo Jefferson e Cristiano Cezarino.
Há muita mitificação das formas de criação do conhecimento. Em geral, elas são associadas à ideia da ciência de ponta e laboratórios sofisticados
De acordo com o trio, a importância da montagem está associada ao trabalho com as dimensões mais cotidianas da produção do saber. “Há muita mitificação das formas de criação do conhecimento. Em geral, elas são associadas à ideia da ciência de ponta e laboratórios sofisticados”, lembra Jefferson. No entanto, complementa Cezarino, “os processos que geram o saber são semelhantes àqueles de que todas as pessoas se valem para organizar ideias, transmitir pensamentos, usando instrumentos e linguagens diferentes, mas equivalentes”.
Refresco
Para a coordenadora do Núcleo de Expografia do Espaço do Conhecimento, Tereza Bruzzi, as exposições temporárias representam um mecanismo importante para o diálogo com o público e reflexão crítica sobre o que a instituição propõe. “Elas trazem um refresco para a estrutura do museu, convida-nos a parar, repensar e recortar os assuntos trabalhados, mas de forma mais leve. O visitante recebe estímulos para voltar e criar vínculos, o que é muito importante. Além disso, todas as vezes que abrimos uma exposição, confrontamos as questões que precisamos discutir e repensar no momento.”
A professora destaca ainda a importância de dialogar com outras instituições da cidade. “Uma exposição de curta duração também possibilita a construção de novas pontes de articulação para o museu, janelas de conversas com outros atores. No caso da Processaber, pudemos iniciar uma conversa com um espaço que está se instituindo na cidade, o Museu do Cotidiano”, finaliza Tereza.
Exposição Processaber
Período de visitação: 13 de maio a 25 de setembro de 2016
De terça a domingo, das 10h às 17h. Quinta-feira, das 10h às 21h. Entrada gratuita
Local: Espaço do Conhecimento UFMG – Praça da Liberdade, 700