Economia do desastre

PRÁTICAS SEDIMENTADAS

Pró-reitoria de Graduação apresenta anteprojeto das novas normas de graduação, que recebe sugestões da comunidade até o fim do mês

Docentes e servidores acompanharam a explanação do pró-reitor Ricardo Takahashi
Docentes e servidores acompanharam a explanação do pró-reitor Ricardo Takahashi Foca Lisboa/UFMG

Pró-reitoria de Graduação reuniu, no último dia 24, no campus Pampulha, gestores, docentes, servidores e estudantes para apresentar, esclarecer e receber sugestões sobre as novas normas gerais para a graduação da UFMG, reunidas em anteprojeto. O processo foi iniciado há cerca de um ano e meio, e espera-se que seja concluído até junho deste ano. “Grande parte do conjunto de normas sedimenta práticas e aprendizados acumulados em muitos anos, promovendo melhorias e removendo obstáculos mais operacionais que conceituais”, explicou o pró-reitor, Ricardo Takahashi, durante a apresentação.

Segundo ele, as mudanças também visam atender às novas demandas da sociedade, marcada por relações mais complexas. “Os mecanismos de geração de conhecimento vêm mudando, sobretudo de duas décadas para cá, e os egressos de nossos cursos devem ser capazes de lidar com isso”, afirmou Takahashi.

Depois de apresentar breve cronologia de mudanças, internas e externas, que afetaram a estrutura da graduação na Universidade desde 1990, o pró-reitor defendeu que, no lugar da fragmentação – em que novos cursos são criados, e os profissionais ficam “confinados” em suas áreas –, deve-se optar pela convergência, pela troca de experiências e pela transversalidade, que proporcionam aos estudantes caminhos múltiplos.

Segundo Takahashi, o anteprojeto procura estabelecer que os cursos se mantenham como guardiões da identidade de suas áreas de conhecimento e atuação, mas também ocupem espaços de convergência e de experimentação. “A graduação que deve ainda estar estruturada para uma relação cidadã com o público, de forma a lidar com a inclusão de deficientes, estudantes mães, pessoas em situação de sofrimento mental e refugiados políticos, entre outros”, afirmou.

Quatro dimensões

A reconfiguração dos currículos contemplaria, segundo o anteprojeto e em linhas gerais, quatro dimensões: a formação específica (disciplinas obrigatórias e optativas), a complementar (disciplinas e atividades fora da formação característica do curso, incluindo mobilidade acadêmica), formação geral (disciplinas não específicas, como redação de textos científicos, por exemplo) e formação avançada (atividades da pós-graduação).

Uma das principais novidades da proposta para as novas normas é o chamado tronco comum – partes de currículos comuns a vários cursos – que pode mesmo vir a constituir estrutura de ingresso na Universidade. “Nesse caso, o aluno poderá, ao concluir um curso, ganhar o direito a solicitar a continuidade dos estudos, para obter um segundo diploma”, anunciou Ricardo Takahashi, acrescentando que cursos do ICEx já consideram a possibilidade de estabelecer entrada comum. Ele disse ainda que as novas estruturas formativas passariam a contar com coordenações e regulamentos próprios.

Trajetórias híbridas

Na explanação do anteprojeto, o pró-reitor de Graduação chamou a atenção para a possibilidade de experiências como trajetórias acadêmicas híbridas – combinando percursos e formatos (presencial e a distância, por exemplo) – e cursos de oferta temporária, que poderiam ser rediscutidos e incorporados ou não, e outros em atendimento a demandas pontuais, também por prazo limitado.

A proposta das novas normas, organizada com base em sugestões de cerca de 500 membros da comunidade acadêmica, trata também de formas de integralização dos currículos – que incorporem oficialmente atividades extraordinárias, sem notas, e comprovação de conhecimentos, como em idiomas estrangeiros – e regras de ingresso e cancelamento de registro.

Coordenadores de cursos presentes à reunião sugeriram, entre outros tópicos, a não obrigatoriedade de os alunos cursarem disciplinas de cursos ou departamentos diferentes e comentaram que o debate sobre mudanças na graduação pode gerar regras para respaldar propostas inovadoras tanto relacionadas à gestão curricular quanto a práticas docentes.

A comunidade poderá enviar sugestões sobre as novas Normas Gerais de Graduação até 28 de abril, pelo e-mail normasgrad@prograd.ufmg.br. O texto final deverá ser aprovado pela Câmara de Graduação até 30 de maio, antes que o assunto tramite no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), durante o mês de junho. O anteprojeto está disponível para consulta em http://bit.ly/2nzFTf8.

[Matéria publicada no Portal UFMG, seção Notícias UFMG, em 24/03/2017]

Itamar Rigueira Jr.