Sobre o futuro
Homenagens e seminário sobre o papel da universidade pública marcam comemorações na semana do aniversário de 90 anos da UFMG
Na semana em que comemora 90 anos de sua fundação – oficializada em 7 de setembro de 1927 –, a UFMG realiza programação que inclui seminário internacional com reflexões sobre o papel da universidade pública no cenário atual e homenagem a pessoas e instituições, com outorga da Medalha Reitor Mendes Pimentel. Na noite do dia 6, no auditório da Reitoria, haverá concerto de Nelson Freire, aclamado pela crítica internacional como um dos maiores pianistas do século 20. Mineiro de Boa Esperança, Freire foi agraciado pela Universidade, em dezembro passado, com o título de Doutor Honoris Causa.
De acordo com a vice-reitora Sandra Goulart Almeida, coordenadora da Comissão dos 90 anos da UFMG, a programação, iniciada em setembro do ano passado e que se estende até dezembro, busca promover reflexões, de natureza acadêmica e política, sobre o papel das universidades. “O objetivo é pensar o lugar da universidade na sociedade”, afirma.
Uma das instituições homenageadas com a Medalha Mendes Pimentel será a Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), rede da qual a UFMG é uma das fundadoras. A entidade foi criada em agosto de 1991 para dar resposta aos desafios que se impõem à vida universitária e contribuir para a formação de recursos humanos de alto nível. A programação dos 90 anos inclui a 72ª reunião do Conselho de Reitores da AUGM e reunião de comissão que discutirá a pauta da Conferência Regional de Educação Superior para América Latina e Caribe (CRES), que será realizada em 2018, em Córdoba (Argentina).
Identidade
Criada em 1621, a Universidade de Córdoba, uma das mais antigas das Américas, foi palco, em 1918, de manifesto do movimento estudantil em defesa da construção de uma universidade que considerasse as especificidades da América Latina. O centenário do Manifesto de Córdoba será lembrado no ano que vem, na terceira edição do CRES, evento realizado pela primeira vez em Cuba, em 1996.
Em 2008, em Cartagena de Índias (Colômbia), por convocatória do Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e Caribe (Iesalc), da Unesco, a Conferência teve como foco a análise da realidade local e a discussão de mudanças estratégicas na educação superior da Região, ajustando-a aos desafios do compromisso social, da pesquisa estratégica, da educação universal e da integração regional. Participaram do evento a comunidade educativa e representação oficial de governos de 34 países da América Latina e Caribe, além de convidados de outros continentes.
A pauta do CRES 2018 será objeto de reunião de comissão nesta segunda, 4, na UFMG. De acordo com o reitor Jaime Ramírez, que integra a comissão, na edição de 2018 serão discutidos também os esforços das instituições para fortalecer os sistemas de ensino superior na região e metas de desenvolvimento sustentável até 2030. “É fundamental a contribuição das instituições de ensino superior na reflexão de temas de interesse da sociedade contemporânea”, observa o reitor
Do encontro também participarão o reitor Roberto Leher, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e reitores de universidades do Uruguai, da Argentina, do Paraguai, do Chile e da Bolívia.
Nova ordem global
Temas como financiamento da educação superior, cooperação e desenvolvimento regional, ensino público e desenvolvimento humano, social e econômico serão abordados nesta terça-feira, 5, no campus Pampulha, no 7º Seminário Internacional Universidade, Sociedade, Estado. Aberto ao público, o evento promovido pela UFMG, em parceria com a AUGM, será realizado das 9h às 18h30, no Centro de Atividades Didáticas de Ciências Humanas (CAD 2).
A conferência de abertura, com o tema Mudanças na ordem global e o papel das universidades públicas da América Latina, será ministrada pelo professor emérito da UFMG Clélio Campolina, reitor na gestão 2010-2014. Ao longo do dia, mesas-redondas reunirão especialistas brasileiros e estrangeiros. Ao final do encontro, os moderadores das diversas mesas apresentarão relatos das diversas participações.
Participam do comitê organizador do seminário o reitor da UFMG Jaime Ramírez, a vice-reitora Sandra Goulart Almeida, o diretor de Relações Internacionais, Fábio Alves, que é delegado assessor da UFMG na AUGM, Waldo Albarracín Sánchez, presidente da AUGM, Gerónimo Laviosa González, vice-presidente, e Alvaro Maglia, secretário executivo da entidade.
Bem universal
No contexto das comemorações de fundação da UFMG, será realizada no campus Pampulha, neste dia 6, a reunião semestral do Conselho de Reitores da AUGM. É marca da entidade a defesa do ensino superior como bem público social, direito humano e universal, “cujo financiamento é responsabilidade dos governos”. Para a AUGM, a educação superior não é objeto mercantil, não podendo, pois, ser incluída nos acordos de livre comércio.
Em declaração publicada ao fim da 71ª reunião do Conselho de Reitores, em abril deste ano, na Universidade Nacional de La Plata (Argentina), a AUMG afirma que o legado do movimento de reforma de 1918 representa uma bandeira atual para as universidades latino-americanas: autonomia, gratuidade, acesso universal, liberdade acadêmica, compromisso com processos de formação ampla de alunos e sua relação com os problemas nacionais, tornando a universidade um dos pilares das nações democráticas. “Essas conquistas que sustentaram a ideologia latino-americana de faculdade estão em discussão constante”, enfatiza o documento.
O Conselho de Reitores é formado pelos dirigentes das 33 universidades da América do Sul que compõem a AUGM (http://grupomontevideo.org/sitio/consejo-de-rectores/).