Resistência cotidiana

'Estraladabão' na área

Editora UFMG lança selo dedicado à produção infantojuvenil, dando início à estratégia de aglutinar suas obras em segmentos editoriais autônomos

A Editora UFMG está lançando o selo Estraladabão, dedicado às publicações infantojuvenis. A novidade marca um movimento feito nos últimos anos de entrada mais estruturada nesse mercado. “Percebemos não apenas a possibilidade, mas a necessidade de criarmos uma vertente focada no público infantojuvenil. No próprio âmbito da nossa comunidade acadêmica há uma produção criativa represada nesse campo”, explica o professor Flávio Carsalade, diretor da Editora UFMG.

Logo Estraladabao
Identidade visual do selo infantojuvenil

O lançamento integra proposta de reformulação da Editora, que, a partir de agora, organizará todas as suas obras em selos autônomos – ainda que parte delas continue submetida ao que pode ser chamado de selo-base da Casa, a própria chancela Editora UFMG. “Essa é uma tendência das editoras contemporâneas, sejam as comerciais, sejam as universitárias. Além de conferir personalidade mais clara às linhas editoriais, os selos colaboram para que produções muito diferentes não fiquem misturadas. É uma medida que contribui para a organização”, diz o diretor. “Outro motivo para a reestruturação é o nosso plano de trabalhar cada vez mais com editais anuais, com o objetivo de selecionar obras para publicação. A subdivisão facilita o exame do conselho, que pode pensar a publicação das obras já considerando os selos disponíveis”, acrescenta.

Flávio Carsalade: organização em selos é tendência editorial
Flávio Carsalade: organização em selos é tendência editorial Foca Lisboa/UFMG

A princípio, estão sendo criados o selo infantojuvenil e outro direcionado à produção intelectual da comunidade acadêmica. “Já há algum tempo sentimos a necessidade de valorizar a produção interna da Universidade. Esse selo está sendo criado nesse sentido. Ele vai conferir mais agilidade para a publicação da produção interna em parceria com as unidades”, explica o diretor.

Saber de gente grande
A escolha do nome Estraladabão para o selo infantojuvenil é uma homenagem ao pesquisador, escritor e dramaturgo Angelo Machado, que também é professor emérito da UFMG. No livro Estraladabão-tão-tão, o trovão, Machado escreve a história de uma menina que vê o tempo fechar e se assusta com os trovões que tomam o céu. Na história, a mãe da garota aproveita a ocasião para explicar a ela os fenômenos naturais. Ao compreender racionalmente o evento, a menina acaba perdendo o medo. 

A temática do livro de Angelo Machado alude diretamente à primeira coleção lançada pelo novo selo da editora, denominada Universidade das Crianças. Nela, professores e pesquisadores constroem narrativas que adaptam o conhecimento científico ao universo infantil. Seis livros já foram lançados. Outros volumes devem chegar às livrarias nos próximos meses.

Se na coleção Universidade das Crianças o foco das publicações é exclusivamente a divulgação científica, no âmbito do selo Estraladabão o trabalho com o saber acadêmico não é regra, ainda que deva ser recorrente, na medida de sua submissão a uma editora universitária. “Pode ser que, ocasionalmente, publiquemos algo de literatura infantil que não tenha relação com o âmbito acadêmico, mas a tendência é que nossas obras dialoguem em alguma medida com esse universo”, explica Flávio Carsalade.

O diretor adianta uma última novidade. “Estamos trabalhando na concepção de uma segunda coleção no âmbito deste selo infantojuvenil, com foco nas diferentes possibilidades de resposta que uma mesma questão contempla. Nossa ideia é analisar como um mesmo problema, se abordado por diferentes disciplinas, pode ensejar diferentes respostas”, detalha o diretor. “Assim, se abordar os sonhos, o livro reunirá tanto as explicações do campo da psicologia quanto as do campo da biologia e da teoria literária”, exemplifica o diretor.

Ewerton Martins Ribeiro