Campos ameaçados

Mais produtividade

Ambiente laboratorial multiusuário promete impulsionar pesquisa em ciência animal na Escola de Veterinária

A pesquisa em Ciência Animal desenvolvida na Escola de Veterinária vai ganhar impulso com a criação do Multilab, infraestrutura de sete laboratórios reunidos em 650 metros quadrados que será compartilhada por usuários de várias áreas. O espaço foi inaugurado no início deste mês, nas dependências do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, no campus Pampulha. 

Os laboratórios destinam-se às atividades de cultivo celular, sorologia, bioquímica e hematologia, histopatologia, microscopia especial, hibridização in situ e imuno-histoquímica. A estrutura também conta com biotério, sala de purificação de água, lavagem e estoque de vidraria. A área comum, dividida em bancadas, comporta até 15 pesquisadores ao mesmo tempo. Nelas, eles poderão realizar os pré e pós-processos das amostras, antes e depois de serem analisadas pelos laboratórios específicos.

Segundo o chefe do Departamento de Clínica e Cirurgia, Roberto Maurício Carvalho Guedes, o novo espaço de pesquisa deverá ampliar a produtividade e provocar melhorias na qualidade dos serviços e no atendimento aos pesquisadores. Como exemplo, ele cita os procedimentos de rotina do Hospital Veterinário, que são realizados no Laboratório de Patologia junto com as atividades de pesquisa. Com a estrutura oferecida pelo Multilab, os trabalhos das duas áreas poderão ser realizados separadamente.

Modelo de gestão

Residente Lucas Braga, no Laboratório de Apoio à Pesquisa, cujo modelo de gestão vai inspirar funcionamento do Multilab
O residente Lucas Braga, no LapecAna Laysla Frota/UFMG

Roberto Guedes explica que o sistema de colaboração multiusuário é a base de atuação do Multilab e tem como inspiração o modelo de gestão adotado pelo Laboratório de Apoio à Pesquisa (Lapec), que funciona no primeiro andar da Escola. O uso do aparelho de Quimiluminescência, da Siemens, empregado em análises hormonais no Lapec, é um exemplo de prática que será incorporada pelo Multilab. Quando precisa recorrer ao equipamento, adquirido em 2014 por meio do programa Pró-Equipamentos da Capes, um coordenador de pesquisa encaminha a demanda, especifica quantas e quais análises são necessárias. Como o laboratório não tem um técnico exclusivo para manusear o equipamento, a professora Fabíola de Oliveira Paes Leme, que coordena o ambiente, oferece treinamento ao pesquisador para que ele ganhe autonomia para realizar as análises. O usuário também é responsável pelo próprio kit de reagentes e deve colaborar com a compra de material de consumo, de uso comum, para o laboratório.

Fabíola Paes Leme defende que toda a estrutura institucional – espaço físico e equipamentos – seja franqueada aos usuários. “Acredito que essa forma é a mais justa, desde que haja regras claras de uso e cuidado com os equipamentos”, observa. E acrescenta: “Trabalhar numa perspectiva multiuso exige equacionar tempo e espaço. Estamos introduzindo uma proposta no estatuto, elaborado com outros cinco professores, segundo a qual todos os usuários devem contribuir para que o Multilab tenha um fundo de reserva para manutenção. Acredito que será uma experiência nova não só para o Departamento de Clínica e Cirurgia, mas para toda a Unidade”, completa.

Para o professor Roberto Guedes, as pesquisas que apresentavam demanda, mas que, por falta de espaço e estrutura, não eram atendidas adequadamente, ganharão novo impulso. “São os casos de estudos in vitro com células eucariotas que necessitam de cultivo celular. Com o Multilab, o Laboratório de Cultivo Celular poderá suprir a demanda de vários pesquisadores nessa área”, observa.

Ajustes aos cortes
O projeto de estruturação do Multilab, financiado pelo Pro-Infra da Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa (Finep), precisou se ajustar aos cortes de recursos impostos às universidades nos últimos anos. “Ainda assim, conseguimos a aprovação de R$ 3,1 milhões. Com boa gestão, compartilhamento de infraestrutura e criatividade, contemplamos o Departamento e a Escola com laboratórios como os de cultivo celular, hematologia, histopatologia, hibridização in situ, além da área de esterilização”, informa Roberto Guedes.

Os desafios, segundo o pesquisador, não foram poucos. “Do projeto inicial, praticamente todos os equipamentos tiveram de ser cortados e até o sistema de climatização, fundamental para funcionamento de alguns aparelhos, não foi contemplado. Mas com o esforço conjunto da equipe de professores, da direção da Escola de Veterinária, da Fundep e da Reitoria, adaptamos o projeto e conseguimos conquistar mais esse espaço para a Universidade”, conclui o professor Guedes.

[Matéria publicada no Portal UFMG, em 4/6/2018]

Teresa Sanches