Nº 1521 - Ano 32 09.03.2006

CULTURA

Quando arte e conhecimento se encontram

A arte como espaço de reflexão transdisciplinar. Nos últimos quatro anos, as ações da Diretoria de Ação Cultural (DAC) da UFMG giraram em torno da aproximação entre as expressões artísticas e universo acadêmico. Com tal espírito, a DAC buscou diversificar sua produção. Da reformulação do Festival de Inverno da Universidade à criação de iniciativas como a Mostra de Talentos, a promoção da cultura esteve diretamente vinculada à idéia de construção e disseminação do conhecimento.

Um dos principais eventos do gênero no Brasil, o Festival de Inverno da UFMG, realizado em Diamantina desde 2000, passou por reestruturação, coordenada pelo professor Fabrício Fernandino, diretor de Ação Cultural. “Buscamos construir um novo conceito, a partir do entendimento da relação entre arte, ciência, história, filosofia e cultura”, explica.

Nas últimas quatro edições, foram ampliadas a prática e a discussão acadêmica em torno das atuais correntes e tendências artísticas do mundo ocidental. “A ação da DAC viabilizou uma articulação política capaz de transformar conceitualmente o Festival”, comenta Fernandino.

Palco da arte

Outras ações da DAC dizem respeito à ampliação do número de curadorias, com a consolidação de três espaços expositores da Universidade: o Centro Cultural (leia boxe), o saguão da Reitoria e o Conservatório UFMG. “Buscamos promover o conhecimento e, ao mesmo tempo, sensibilizar e valorizar a arte produzida dentro e fora da UFMG. Procuramos organizar, ao menos, quatro eventos anuais”, comenta Fernandino. Já a Mostra de Talentos da UFMG movimentou a comunidade universitária. O programa foi implantado em 15 dias e atraiu grande público para o campus Pampulha.

Iniciativa da Secretaria de Ensino Superior (Sesu), o projeto Jovens Artistas teve como “palco” experimental a UFMG. A Universidade foi escolhida pelo MEC como sede do projeto-piloto, e, ao longo de 2005, recebeu artistas brasileiros da nova geração para discutir, com a comunidade universitária, os paradigmas da arte contemporânea. “Foi o coroamento da produção cultural da DAC”, comenta. A Diretoria também retomou projetos importantes, como as Jornadas Culturais, realizadas, em 2005, em Jequitinhonha, e consolidou eventos como o Quarta Doze e Trinta, que, inclusive, inspirou o quinzenal Sexta Doze e Trinta, no Centro Cultural.

Cidadania como sinônimo de cultura

Um local que transcendeu o conceito de espaço físico destinado à divulgação da arte e abriu-se para a produção e circulação dos bens culturais. Assim poder ser sintetizada a linha de trabalho posta em ação, nos últimos quatro anos, pelo Centro Cultural UFMG, e que imprimiu uma pequena revolução na área ao abraçar um conceito que compreende o acesso aos bens culturais como direito – e sem o qual é impossível o pleno exercício da cidadania.

“As pessoas não entram aqui apenas para ver uma exposição ou assistir a um filme. Aqui, elas também participam do fazer cultural”, explica a professora Regina Helena Alves da Silva, diretora do Centro Cultural, que liderou as transformações ocorridas no órgão.

O carro-chefe dessa mudança é o programa Cidadania Cultural, criado em 2002. Reunindo nove projetos, levou – a cerca de 100 mil belo-horizontinos – atividades de leitura, de acesso a tecnologias digitais, de música e de formação de jovens agentes culturais. Outros dois programas – Cultura em Movimento e Laboratório de Imagem e Som – adotaram a mesma linha e proporcionaram a cerca de três mil pessoas, a cada ano, oportunidades de aliar sua produção artística e cultural à da Universidade, além de criar projetos que trabalhassem diversas manifestações e formatos audiovisuais e sonoros.

Com agenda dinâmica, o Centro Cultural também diversificou o investimento na formação artística, por meio de cursos, oficinas e eventos. Outra novidade foi o estímulo à produção, exemplificada pela expressiva adesão do público à produção de vídeos e de impressos de diversas modalidades.