Uma UFMG pra chamar de sua

Direitas em perspectiva

Livro organizado por professor da UFMG analisa pensamento e ação política de movimentos conservadores na América Latina

Mais rejeitadas do que estudadas, as direitas da América Latina costumam proporcionar surpresas e incompreensões entre acadêmicos e intelectuais, principalmente quando suas ações alcançam êxito político. Um esforço para inverter essa tendência está materializado nos artigos do livro Pensar as direitas na América Latina, organizado pelos professores Rodrigo Patto Sá Motta, do Departamento de História da Fafich, Ernesto Bohoslavsky, da Universidade Nacional de General Sarmiento, na Argentina, e Stéphane Boisard, da Universidade de Toulouse, na França. 

O livro, publicado pela Alameda Editorial e lançado na semana passada, durante o Encontro de Pesquisa em História (Epis), é resultado de reflexões geradas durante o 3º Colóquio Pensar as direitas na América Latina no século XX, realizado na UFMG em agosto de 2018. De acordo com o texto de apresentação, a obra “contribui para o adequado conhecimento de alguns traços essenciais das direitas latino-americanas desde o começo do século 20 até a realidade atual, marcada pelos triunfos eleitorais de alianças e candidatos explicitamente alinhados com valores conservadores e autoritários”.

Com trabalhos de pesquisadores da Europa e das Américas, Pensar as direitas na América Latina lança um olhar sobre atores e ideias direitistas em países como Argentina, Brasil, Chile, México, Uruguai e suas conexões com outras regiões em distintos momentos históricos.

Nick Fewings | Unsplash
Nick Fewings | Unsplash

Heranças, redes e ação política

A primeira seção do livro concentra-se sobre as direitas atuais e as causas de seu sucesso político, suas vinculações com a democracia, com as heranças das ditaduras recentes e com o neoliberalismo. A segunda reúne estudos sobre as redes e organizações não partidárias de direita – think tanks, institutos, fundações e empresas editoriais – envolvidas na defesa de projetos econômicos neoliberais e autoritários. A terceira parte focaliza atores e conflitos culturais associados às direitas – universitários, escritores, artistas e intelectuais. A quarta é dedicada ao estudo da Igreja e organizações católicas, como a Sociedade para a Defesa da Tradição, Família e Propriedade e os aparelhos de censura.

Em sua quinta seção, o livro oferece análises sobre aspectos das ações políticas das ditaduras sul-americanas e de sujeitos a elas conectados. Por fim, a última seção reúne artigos que abordam a circulação transnacional de pessoas, publicações, ideias e sentidos identificados com as direitas latino-americanas no século 20.

Os organizadores

Ernesto Bohoslavsky é doutor pela Universidade Complutense de Madri e pesquisador da Universidade Nacional de General Sarmiento, na Argentina. É especialista em história das direitas do Cone Sul no século 20.

Rodrigo Patto Sá Motta é doutor pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professor titular da UFMG e pesquisador do CNPq. Sua especialidade é a história política brasileira recente. 

Stéphane Boisard é doutor em história pela Universidade de Toulouse 2, professor no Centro Universitário Jean-François Champollion e pesquisador no laboratório Framespa, da Universidade de Toulouse, na França. É especialista em história do Chile e no estudo dos think tanks de direita.