Boletim

Nº 2098 - Ano 47 - 25.11.2020

Extensão mais forte

Centros de extensão são integrados formalmente à estrutura organizacional da UFMG

Com atuação iniciada há quatro décadas, órgãos ganham status de instâncias colegiadas nas unidades acadêmicas e especiais

Uma das maiores do país, a área de extensão da UFMG alcançou, no ano passado, cerca de 4,8 milhões de pessoas. Em novembro deste ano, a Universidade mantinha 3,5 mil atividades em áreas como comunicação, cultura, direitos humanos e justiça, educação, meio ambiente, saúde, tecnologia e produção. Por meio delas, docentes, estudantes e técnicos atuam em conjunto com diversos setores da sociedade (políticas públicas, comunidades, movimentos sociais, empresas e órgãos da justiça), em todas as regiões do país e até no exterior. Essa rede de ações é acompanhada pelos 22 centros de extensão da UFMG, que acabam de ser formalmente integrados à estrutura organizacional da Universidade, o que constitui mais um capítulo da evolução institucional da área.

As primeiras atividades de extensão da UFMG datam da década de 1930 e, já no fim dos anos 1970, todas as unidades acadêmicas desenvolviam atividades. Em 1979, foram criados os primeiros centros de extensão, instalados na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e no Instituto de Ciências Exatas. Nos anos 2000, todas as unidades acadêmicas já tinham seu centro de extensão.

Reconhecimento institucional

“A institucionalização dos Cenex como órgãos colegiados, que passam a ser vinculados às unidades acadêmicas e especiais, é mais do que um ato administrativo. Trata-se, sobretudo, de um processo que fortalece a dimensão acadêmica da extensão e reconhece esses órgãos, que terão a função de aprovar, acompanhar, registrar e avaliar as atividades nas respectivas unidades, colaborando com a sua qualificação”, afirma a pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga.

A gestão colegiada dos Cenex estará a cargo de representantes dos docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos, que, por sua vez, elegerão coordenadores e subcoordenadores.

Esse processo está normatizado por duas resoluções complementares do Conselho Universitário, a 05/2020, que cria os Centros de Extensão, e a 06/2020, que regulamenta sua composição e suas competências. Além delas, a resolução 08/2020, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), revoga a Resolução 03/2016. Os três documentos estão publicados nesta edição do BOLETIM.

Os diretores das unidades terão prazo máximo de 120 dias, a partir da data de publicação da resolução, para estabelecer o processo de instalação e composição dos Cenex. Em 210 dias, eles deverão apresentar o seu próprio regimento interno à direção da unidade e à Proex.

Atendendo a uma solicitação do Conselho Universitário, a aprovação da proposta de institucionalização dos Cenex, encaminhada pela Câmara de Extensão, após ampla escuta dos secretários e coordenadores dos centros, foi aprovada, no dia 22 de outubro, pelo Cepe e pelo Conselho Universitário.

O processo ocorre em um momento de fortalecimento acadêmico da extensão universitária também em âmbito nacional. Há dois anos, o Conselho Nacional de Educação (CNE) determinou que a estrutura curricular dos cursos de graduação deve prever a integralização do percentual mínimo de 10% da sua carga horária total por meio da formação em extensão universitária. Na UFMG, essa orientação foi regulamentada pela Resolução 10/2019 do Cepe. “Nesse contexto, acreditamos que a formalização dos Cenex poderá contribuir muito com os colegiados dos cursos e com os NDEs (Núcleos Docentes Estruturantes) no cumprimento dessa determinação”, observa Claudia Mayorga.

Resposta a desafios

Na avaliação da pró-reitora, a institucionalização dos Cenex significa, ainda, uma resposta concreta da UFMG aos diversos desafios que a sociedade brasileira tem enfrentado, especialmente diante das crises sanitária, política e econômica, que acirraram situações de desigualdades e violências. “Como as atividades de extensão são protagonizadas pelos estudantes, docentes e servidores técnico-administrativos, é possível integrar ainda mais a Universidade aos diferentes setores da sociedade para contribuirmos com a concretização da função pública da Instituição e com a construção de um país mais diverso, justo e igualitário”, acrescenta.

Claudia Mayorga cita ainda outros ganhos gerados pela regulamentação: estabelecer parâmetros comuns para a normatização, composição, funcionamento e infraestrutura mínima para todos os centros, definir com clareza as modalidades e atividades possíveis (cursos,eventos, prestação de serviços, projetos e programas), estimular e reforçar a participação dos estudantes nas atividades de formação em extensão e indicar as pessoas que podem encaminhar atividades e os trâmites administrativos para apreciação e aprovação das propostas.

De acordo com a pró-reitora, além de viabilizar e implementar a política de extensão da UFMG nas unidades, os centros de extensão também assumem a tarefa de mobilizar a comunidade universitária para participar das atividades desenvolvidas nas Unidades e fomentar o envolvimento da comunidade externa no processo de concepção e desenvolvimento das ações. “Esse último aspecto é uma novidade importante e certamente contribuirá para ampliar o diálogo entre a Universidade e a sociedade”, avalia Claudia Mayorga.

Atividade do Programa Envelhecimento Ativo, recentemente premiado pela Prefeitura de Belo Horizonte, antes da pandemia.
Atividade do Programa Envelhecimento Ativo, recentemente premiado pela Prefeitura de Belo Horizonte, antes da pandemiaArquivo Programa Envelhecimento Ativo

Teresa Sanches