Economia do desastre

PROTAGONISTAS da própria formação

Livro que será lançado nesta semana resgata a trajetória e revela os caminhos pedagógicos do Observatório da Juventude

Em 2002, quando se iniciaram as ações do projeto Formação de Agentes Culturais Juvenis – que ofereceu oportunidades de formação e articulação em rede a jovens ligados à vida cultural da periferia da Região Metropolitana de Belo Horizonte –, nasceu também o Observatório da Juventude da UFMG. Capaz, como poucos, de somar ensino, pesquisa e extensão, o Observatório alcançou abrangência nacional e envolveu cerca de cinco mil jovens e 200 colaboradores, entre estudantes de graduação e pós.

Essa história de 15 anos será celebrada nesta semana com seminário e lançamento do livro Por uma pedagogia das juventudes: experiências educativas do Observatório da Juventude da UFMG (Mazza Edições), organizado pelo professor Juarez Dayrell, da Faculdade de Educação e coordenador do projeto.

Assim como o processo de produção metodológica característico do Observatório, a obra foi construída a diversas mãos, com a participação de educadores que atuam nos projetos Formação de Agentes de Projetos Sociais – que trabalhou, entre outros, com oficineiros do programa Fica Vivo –, Interagindo, que contribuiu para a formação de jovens aprendizes de 15 a 17 anos vinculados à Cruz Vermelha e que atuaram na UFMG, e  Formação de Agentes Culturais Juvenis.

As experiências com esses projetos são descritas em três capítulos, que se seguem a um texto de abertura em que Dayrell conta a trajetória do Observatório da Juventude. No último capítulo, educadores dos três projetos se juntam ao organizador para abordar elementos comuns às ações. O objetivo é chamar atenção para uma “pedagogia da juventude”. “Não damos receita nem temos a pretensão de ser formuladores, mas mostramos uma possibilidade para estimular outros grupos a traçar seus próprios caminhos”, diz Juarez Dayrell.

Ampliar capacidades

Um dos pressupostos que têm guiado o trabalho do Observatório da Juventude, explica o professor da FaE, é o de que os processos educativos devem ser baseados na noção de formação humana, que transcende a transmissão de conhecimentos e se apoia na importância de ampliar capacidades. A inspiração para essa opção vem de Paulo Freire, Miguel Arroyo e Neidson Rodrigues, entre outros educadores. 

Os métodos do projeto também valorizam o lugar e as experiências de origem dos jovens e as especificidades da faixa etária. “Isso leva a escolhas relacionadas a tipos e dinâmicas das atividades, divisão dos tempos etc.”, afirma Dayrell.

Observatório estimula a construção de uma “pedagogia da juventude”
Observatório estimula a construção de uma “pedagogia da juventude” Acervo Observatório da Juventude

O capítulo final do livro explicita princípios que perpassam todas as atividades como a interação social, o estímulo à autonomia e à postura investigativa, o trabalho coletivo como organizador das ações e a construção de conhecimento que parte da realidade vivida pelos jovens. “Incentivamos as relações entre eles e o aproveitamento de múltiplos espaços. O educando deve ser gestor e protagonista de sua própria formação. Ele sugere técnicas e atividades, participa do planejamento e experimenta sempre. Autonomia se aprende, exercitando. Os jovens fazem suas escolhas e são responsáveis por elas”, enfatiza Juarez Dayrell.

O Observatório da Juventude, um dos projetos pioneiros do gênero em universidades brasileiras, atua no contexto das políticas de ações afirmativas, atento à condição juvenil nas políticas públicas, na vida cultural e na ocupação das cidades. Seus integrantes ajudaram a fundar e contribuem para o funcionamento do Fórum das Juventudes da Grande Belo Horizonte. 

O seminário Por uma pedagogia das juventudes: reflexões sobre metodologias de trabalho com jovens será realizado nos dias 6 e 7, na Faculdade de Educação, com transmissão via web (facebook.com/faeufmg). Pesquisadores e representantes de organizações sociais vão conversar sobre educação popular e experiências educativas no ensino médio. A programação prevê, ainda, oficinas sobre tecnologias, relações de gênero, drogas e direitos, entre outros assuntos. 

Livro: Por uma pedagogia das juventudes: experiências educativas do Observatório da Juventude da UFMG

Editora: Mazza Edições

Distribuição gratuita e download em http://bit.ly/1C7CG9m Lançamento: dia 7, sexta-feira, às 17h, no auditório Neidson Rodrigues, da FaE

Itamar Rigueira Jr.