Triagem em cores
Pesquisa atesta boa confiabilidade de sistema que determina a prioridade de pacientes em serviços de urgência
O Sistema de Triagem de Manchester (STM) tem sido adotado na maioria dos serviços de urgência brasileiros como instrumento de classificação de risco (CR) de pacientes. Entretanto, há poucos estudos direcionados à avaliação de sua confiabilidade. A pesquisadora Cristiane Chaves de Souza, da Escola de Enfermagem, fez estudo inovador no Brasil e constatou que varia de moderada a substancial a confiabilidade do STM para determinar o grau de prioridade de pacientes em serviços de urgência. O sistema é codificado nas cores vermelho, laranja, amarelo, verde e azul.
Orientada pela professora Tânia Chianca, do Departamento de Enfermagem Básica, a pesquisa é produto do Doutorado Interinstitucional (Dinter), em parceria com a Universidade Federal de São João del-Rei, e contou com apoio da Capes e do Grupo Brasileiro de Classificação de Risco.
O estudo de confiabilidade teve três etapas (instrumental, teste e reteste), com amostra de 361 enfermeiros para avaliação da confiabilidade externa e de 153 para avaliação da confiabilidade interna do STM. A confiabilidade externa traduz o quanto o enfermeiro concordou com o padrão ouro adotado para o estudo na escolha do fluxograma, do discriminador e do nível de risco; a confiabilidade interna do STM traduz o quanto o enfermeiro concordou com ele mesmo nas duas avaliações em que indicou, para cada caso, o fluxograma, o discriminador e o nível de risco.
A doutoranda analisou o perfil dos enfermeiros, se a escolha correta do fluxograma explicava a indicação correta do nível de risco do paciente e se a escolha correta do discriminador explicava a escolha correta do nível de risco. A exemplo de outros estudos, os enfermeiros triaram casos para níveis acima (overtriage) e abaixo (undertriage) do estabelecido como correto pelo padrão ouro. A confiabilidade externa e interna do STM variou de moderada a substancial. Cristiane Souza concluiu que o “tempo de experiência profissional como enfermeiro”, o “tempo de experiência como enfermeiro em urgência e emergência” e o “tempo de experiência como enfermeiro na CR” estão vinculados à confiabilidade, externa e interna, do protocolo.
“Observamos que a maioria dos enfermeiros tem entre um e dez anos de graduação e não estudou classificação de risco ou o STM durante a formação”, conta a pesquisadora, que defende que conteúdos sobre a CR e sobre o STM sejam incluídos nas disciplinas obrigatórias da formação do enfermeiro.
“É preciso também que outros estudos sejam realizados para compreender os motivos de erros na classificação, de modo a traçar estratégias direcionadas ao aumento da confiabilidade da avaliação do enfermeiro utilizando o STM. A inserção do enfermeiro na prática clínica, a experiência prévia em serviços de urgência e com a classificação de risco são importantes para a confiabilidade externa e interna do Sistema”, afirma Cristiane.
Tese: Análise da confiabilidade do Sistema de Triagem de Manchester para determinar o grau de prioridade em serviços de urgência
Autora: Cristiane Chaves de Souza
Orientadora: Tânia Couto Machado Chianca
Defesa em 1º de março de 2016, no Programa de Pós-graduação em Enfermagem
*Jornalista e **bolsista de Jornalismo da Escola de Enfermagem