Trânsito de Saberes

Letramento digital:concepções e possibilidades

A humanidade vive a era da informação e da comunicação, e parte dessas informações que chegam aos indivíduos são trazidas pelas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC).

Com base nisso, entendemos que a inserção tecnológica não se dá apenas com o uso do computador na sociedade e com a facilidade de acesso a ele. Sabemos que é importante capacitar os usuários para o uso das tecnologias, de forma que tenham contato com a informação e com os meios de produção de conhecimento. Além disso, também é importante ressaltar que não basta saber utilizar as TDIC; deve-se entrar em contato com elas de maneira significativa para compreendê-las de forma prática e eficaz, integrando-as à nossa vida.

Vivemos em uma dimensão política e social que não pode ser desvinculada do letramento, ou seja, estamos sempre nos relacionando com os textos, como receptores e produtores que utilizam diversas linguagens para diferentes fins. Vivemos em uma sociedade centrada na escrita, que exige do indivíduo ser letrado e capaz de exercer as práticas sociais de leitura com proficiência, em uma época dominada pelas TDIC. Essa sociedade também costuma exigir que o sujeito saiba lidar com as tecnologias digitais para realizar diversas ações que colaboram para a sua cidadania, sejam atividades profissioanais, econômicas, educativas ou de lazer.

Assim, ser letrado não se resume a saber ler e escrever. O letramento envolve mais que a alfabetização, stricto sensu. O letramento envolve lidar, com autonomia e senso crítico, com várias linguagens em diversas situações, entre as quais aquelas em que o sujeito faz uso dos computadores para se informar, para aprender, para se comunicar, para reivindicar, para produzir e compartilhar conteúdos. A essa capacidade de responder a essas demandas chamamos de letramento digital.

Ser letrado não se resume a saber ler e escrever. O letramento envolve mais que a alfabetização stricto sensu. O letramento envolve lidar, com autonomia e senso crítico, com várias linguagens em diversas situações

O letramento digital torna o indivíduo capaz de fazer uso das tecnologias para gerar benefícios próprios e se inserir na cultura digital contemporânea. Essa apropriação das tecnologias exige dos seus usuários um domínio de informações e habilidades mentais que devem ser trabalhadas pelas instituições de educação básica e superior, a fim de capacitar os cidadãos a viver nesse universo.

Espera-se que um cidadão letrado digitalmente seja capaz de compreender, criticar e utilizar as informações oferecidas por vários suportes digitais, isto é, espera-se que ele use as tecnologias para adquirir conhecimento, estabelecer contatos,  expressar-se e comunicar-se, condições importantes para que o exercício pleno da cidadania.

A escola como agência de letramento(s) e de formação cidadã pode preparar o aluno para lidar com as práticas de leitura e escrita que são oferecidas no ambiente virtual. Com isso, faz-se necessária a intervenção da instituição de ensino no sentido de propiciar a seus alunos, sistematicamente, a interpretação das mensagens veiculadas nos meios de comunicação eletrônicos e a familiarização deles com a estética, a linguagem e o funcionamento das tecnologias digitais. Essa intervenção tem o objetivo de preparar os alunos para lidar com as ferramentas tecnológicas, explorando suas potencialidades de forma profunda, eficiente, ética e responsável.

Além das habilidades para lidar com a navegação e a leitura, os ambientes e aplicativos que envolvem o acesso à internet demandam que o usuário tenha a clareza do que está sendo buscado. O usuário também precisa ler, interpretar, avaliar e selecionar a informação disponível, e não simplesmente realizar uma pesquisa aleatória, sem direcionamento e critérios.

O letrado digital deve ser também aquele usuário que não apenas recebe informações, mas também contribui para o enriquecimento das redes de informação e comunicação, produzindo e compartilhando conteúdos. Espera-se que um indivíduo letrado digitalmente seja capaz de fazer uso crítico das TDIC e agir de forma ativa e positiva em favor do seu bem-estar pessoal e coletivo.

(Carlos Alexandre Rodrigues de Oliveira - Membro do Projeto Redigir da Faculdade de Letras da UFMG)
(Carla Viana Coscarelli - Professora da Faculdade de Letras da UFMG e coordenadora do Projeto Redigir)
(Maikel Fontes de Melo - Membro do Projeto Redigir da Faculdade de Letras da UFMG)