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Nº 21 - Ano 2019 - 25.05.2019

Mostra sua UFMG

Bem-vindos, bem-vindas e bem-vindxs à UFMG

As salas de aula são apenas uma das muitas portas para a descoberta de um mundo de oportunidades e protagonismo

Em seu estatuto - uma espécie de carta de princípios -, a UFMG define-se como instituição que gera, desenvolve, transmite e aplica conhecimentos por meio do ensino, da pesquisa e da extensão. O estatuto é o documento que regula a organização e o funcionamento de uma instituição ou coletividade ou, em outras palavras, traduz, no caso da UFMG, a forma como a própria Universidade se reconhece e se define.

No Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), outro documento importante da UFMG, que é reelaborado a cada dez anos, está definido que ensino, pesquisa e extensão são, ao lado da cultura, dimensões indissociáveis do conhecimento, e respondem por aquilo que a própria Universidade denomina de formação científica e técnico-profissional em acordo com as necessidades da sociedade.

Ensino, pesquisa e extensão estão no coração da UFMG, portanto. Mas como é que essas três dimensões do conhecimento se articulam? O que cabe a cada uma delas? Há exemplos de atividades e ações? Como é possível para os estudantes terem uma formação que contemple essas três dimensões? Dá para fazer isso e ainda ir às aulas, fazer os trabalhos, participar de projetos, tirar boas notas? A ideia é exatamente esta. A UFMG deve ser conhecida, descoberta, desvendada; as oportunidades que existem na Universidade precisam ser exploradas. É o que chamamos de percurso acadêmico. 

Vamos tentar explicar melhor …

O ensino pode ser entendido como um conjunto de atividades didático-pedagógicas. Essas atividades, que acontecem nas salas de aula, laboratórios, nas palestras, simpósios, congressos, visitas técnicas e em muitas outras oportunidades, devem proporcionar aos estudantes autonomia intelectual, capacidade crítica e de aprendizagem continuada, fornecendo a base para que se desenvolva uma atuação de forma ética. “Se a educação básica tem um caráter de introdução à vida social, a formação superior é a continuidade desta imersão no mundo, mas a decisão cabe aos próprios sujeitos do conhecimento”, afirma a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, ao explicar o lugar que cabe aos estudantes em uma universidade.

De olho nesta premissa, a partir de 2019, mudanças foram introduzidas nas estruturas curriculares do ensino de graduação, o chamado “tronco comum” https://ufmg.br/comunicacao/publicacoes/boletim/edicao/2029/balizas-para-o-futuro. Foi pensada a interseção de eixos temáticos entre cursos de um mesmo campo do conhecimento, com o objetivo de propiciar ambientes compartilhados de formação e aprendizado. “As novas normas ampliam o que a Universidade pode oferecer aos seus estudantes permitindo a construção de percursos acadêmicos diversificados”, explica a pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira.

A intenção é que os estudantes, ao combinar os próprios currículos com currículos oriundos de outras áreas, tornem-se profissionais dotados de grande variedade de competências. “Às vezes uma pessoa entra na universidade pensando em uma coisa e descobre outras possibilidades. O tronco comum permite seguir outra carreira, outra ênfase, sem necessariamente sair do curso”, esclarece Benigna Oliveira.

Outra proposta, que vai ganhando força na Universidade, é que no futuro a chegada à Universidade possa se dar pelo tronco comum, com a escolha posterior do curso de graduação. O assunto ainda precisa ser discutido pela comunidade acadêmica, mas a ideia já está colocada.

Por fim, as novas normas também ampliam o conceito de continuidade de estudos. O estudante que tiver saldo no seu tempo máximo de integralização, período necessário para a conclusão de um curso, poderá solicitar – desde que haja vagas – continuidade para outro curso, o que antes só era permitido para cursos de habilitações ou com bacharelado e licenciatura.

Há ainda a possibilidade de ampliar a formação por meio da inclusão de atividades de pós-graduação e de extensão na integralização do currículo de graduação. O núcleo avançado de estrutura curricular, por exemplo, permite ao estudante da graduação cursar disciplinas da pós-graduação, de modo a direcionar sua formação profissional para estudos mais aprofundados, com aproveitamento de créditos num eventual ingresso, posteriormente, no mestrado e/ou no doutorado.

Universo em expansão

O envolvimento dos estudantes em atividades científicas é um diferencial da formação em uma universidade do porte da UFMG, na avaliação do pró-reitor de Pesquisa, Mario Montenegro Campos. “Acredito que o fato de o professor estar constantemente envolvido em pesquisas contagia os estudantes. Por um lado existe a formação, a consolidação do conhecimento e, por outro, a nossa responsabilidade enquanto instituição de encorajar os estudantes a fazerem boas perguntas”, afirma.

A capacidade de questionar, no sentido de entender como as coisas funcionam, para propor novas alternativas a técnicas consolidadas, por exemplo, é uma das habilidades desenvolvidas por meio das atividades de pesquisa. “No exercício profissional, o estudante que teve contato com a pesquisa na graduação, posiciona-se de modo diferente. A forma como ele recebe, processa, critica a informação, se expressa. Na iniciação científica, a apresentação de trabalhos em congressos e outros eventos científicos pelos estudantes contribui para a capacidade de argumentação”, observa a pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira.

Os resultados das pesquisas desenvolvidas na Universidade, por sua vez, estão estreitamente associados à perspectiva da extensão. “Tais resultados permitem contribuir, de alguma forma, para a sociedade, quer seja em dimensões tecnológicas, artísticas ou sociais”, exemplifica Mário Campos.

Vocação ciência

A aprendizagem de técnicas e métodos científicos é uma forma de desenvolver o pensamento crítico, estimular a criatividade e incentivar talentos. Os programas de iniciação científica promovem a formação de jovens pesquisadores e integram as atividades de graduação e pós-graduação na Universidade. “Normalmente, há um pós-graduando envolvido nos projetos de pesquisa, e os estudantes de iniciação científica podem iniciar este contato, ainda que de forma indireta”, afirma a pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira.

A UFMG detém um dos maiores programas de iniciação científica do País, com quase 1,3 mil bolsas concedidas, atualmente, em parceria com Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). A partir de 2013, a Universidade também passou a investir recursos próprios para que os estudantes atuassem diretamente em pesquisas na Rede de Museus e nos Espaços de Ciência, embora parte desses programas esteja suspensa, atualmente, em razão do cenário nacional de corte de verbas nas áreas de educação, ciência e tecnologia. 

Estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, aprovados por meio das políticas de cotas e assistidos por meio da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), podem concorrer a bolsas oferecidas por um programa de iniciação científica voltado exclusivamente para Ações Afirmativas.  Existe ainda a opção de participar da iniciação científica de forma voluntária, com direito à certificação das atividades. Em 2017, o número de alunos envolvidos em pesquisas, mesmo sem remuneração, quase triplicou em relação ao ano anterior: foram 973, ante os 367 registrados em 2016.

Confira, na reportagem produzida pela equipe da TV UFMG, núcleo audiovisual que faz parte do Centro de Comunicação (Cedecom), a experiência de estudantes da Universidade que relatam as funções desempenhadas na Iniciação Científica.

Dimensão social

A extensão é o espaço de interação entre a UFMG e diversos setores da sociedade, com o objetivo de promover o diálogo e a troca de saberes. Nesta perspectiva, os cidadãos envolvidos nas atividades desempenham papel central, por agregarem conhecimentos construídos no cotidiano profissional e na vivência comunitária. A partir do entendimento que a resolução dos grandes problemas contemporâneos envolve múltiplos campos do saber, as atividades de extensão mobilizam ações transdisciplinares.
“Durante muito tempo, predominou uma noção de extensão que é a Universidade levar à sociedade o desenvolvimento, a saúde, a educação. Hoje, temos buscado fortalecer uma extensão que compartilha seus saberes, suas práticas e seus conhecimentos, que também possibilita que a Universidade se transforme nessa relação, aprenda com os saberes tradicionais, com os saberes das classes populares, das instituições sociais que há anos vêm acumulando práticas, tecnologias”, destaca a pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga .


Com mais de três mil ações de extensão em andamento, a UFMG consolidou, ao longo de sua história (a Universidade completa 92 anos em setembro deste ano), programas que se transformaram em referências para a cidade, para o Estado, e até mesmo para o país. O mais antigo deles é o Curso Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial (Cipmoi), criado em 1957, na Escola de Engenharia, por iniciativa conjunta da diretoria e do diretório acadêmico da unidade. A equipe da TV UFMG conta a história do Cipmoi.


Atualmente, são oferecidas 400 vagas anuais, gratuitamente, destinadas à capacitação de trabalhadores para atuar na construção civil e nas áreas de soldagem e eletricidade de baixa tensão. Os estudantes de graduação atuam como monitores. 

“Todo aluno deve passar por uma atividade de extensão, porque isso contribui muito para sua formação. Do ponto de vista técnico, é uma oportunidade de aplicar o que se aprende no curso. Para a própria Universidade, é possível até mesmo repensar o que está sendo ensinado, quando há divergências com a prática, a partir do retorno dos estudantes”, analisa a pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira. 

Em setembro de 2015, a UFMG criou e regulamentou a Formação em Extensão Universitária, para atender a uma determinação instituída em 2014 pelo Plano Nacional de Educação: 10% dos créditos exigidos para a integralização de cursos de graduação devem ser cumpridos em programas ou projetos de extensão. Os alunos podem participar das atividades como bolsistas ou voluntários e há um programa de ações afirmativas direcionado especificamente para os cotistas.

Para quem acaba de chegar à universidade, a experiência da extensão pode ser uma maneira de se manter conectado às suas origens, sua cultura, a aspectos que dizem respeito a uma trajetória individual e/ou coletiva. “Um novo projeto de vida está em construção dentro da universidade, mas ele não pode se dar distanciado da realidade”, afirma Cláudia Mayorga. “Esta é uma dimensão da universidade que se indigna com as desigualdades, que deseja colaborar para diminuir os abismos sociais, econômicos, culturais, raciais, de gênero, com ferramentas construídas em diálogo com a população. Uma das especificidades da extensão universitária é promover uma formação cidadã, política, no sentido amplo”, analisa.

Cultura como conhecimento

Assistir a um espetáculo teatral, ouvir uma música ou apreciar uma obra de arte não são atividades de entretenimento, mas também de aprendizado. Na UFMG, concertos, exposições, audições, exibições, festivais e feiras podem ser considerados como Atividades Complementares, com a finalidade de geração de créditos curriculares, a critério dos colegiados de cada curso.

A Universidade busca garantir o acesso à diversidade cultural à comunidade acadêmica, estendido à população em geral, de forma gratuita, por meio de eventos consolidados no calendário nacional, como o Festival de Inverno e o Festival de Verão, além das atividades contínuas do projeto Muitas Culturas nos Campi.

Confira reportagem produzida pela TV UFMG, sobre uma das atividades do último Festival de Verão. A equipe da TV foi conhecer a iniciativa do movimento Nossa Grama Verde e o coletivo Viva Lagoinha. Juntos, eles organizaram o Rolezinho Lagoinha: um passeio guiado pelo bairro que tem importância histórica para Belo Horizonte.

O circuito formado por Centro Cultural UFMG, Conservatório UFMG, Espaço do Conhecimento, Rede de Museus e o Campus Cultural UFMG em Tiradentes - o primeiro especializado em Cultura no Brasil - não apenas reúne espaços de visitação, mas também serve de ambiente para a formação de estudantes, uma vez que concentra uma série de atividades de pesquisa e de extensão transdisciplinares. 

“Nós acreditamos que a cultura está associada ao desenvolvimento de sensibilidades e à produção do conhecimento. A UFMG atua como grande protagonista ao pensar a cultura como mais um componente importante dentro do seu currículo”, afirma o professor da Escola de Belas-Artes Fernando Mencarelli, à frente da Diretoria de Ação Cultural da Universidade.

Em 2014, o Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da UFMG regulamentou a oferta das Formações Transversais aos alunos de graduação. A Formação Transversal em Culturas em Movimento e Processos Criativos, criada em 2016, é fundamentada na diversidade das práticas culturais, na afirmação das culturas e das artes como campos de conhecimento e no reconhecimento de sua relevância na formação acadêmica de todos os profissionais.
“O trabalho corpóreo do circo, por exemplo, pode interessar a um estudante de Medicina. O médico precisa entender as práticas corporais. Um olhar mais atento para o corpo e um conhecimento do próprio corpo possibilita uma observação mais humana”, exemplifica Mencarelli.

Formações transversais

Abertas a estudantes de todos os cursos de graduação da UFMG, como um espaço de formação comum, as Formações Transversais abordam temáticas de interesse geral, que incentivam a formação do espírito crítico e da visão aprofundada sobre tais temas. 

A Formação Transversal em Acessibilidade e Inclusão, por exemplo, oferecida a partir do segundo semestre de 2018, enfoca o universo das pessoas com deficiência e discute questões de mobilidade. “O papel da UFMG é extremamente importante na formação de profissionais atentos à temática da acessibilidade e inclusão”, destaca a coordenadora do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão, Adriana Valadão.  

Em alguma medida, estudantes de todos os cursos de graduação terão que lidar com estas questões, nos diferentes espaços que irão trabalhar. “Uma vez formados, eles passam a ser multiplicadores em outros espaços, na sala de aula ou nas empresas”, afirma Adriana Valadão. 

Para o pró-reitor de Assuntos Estudantis da UFMG, Tarcísio Mauro Vago, “olhar para as pessoas” é uma das grandes marcas dos percursos oferecidos. “É muito inovador e rico para os estudantes que estão chegando saber que podem construir um percurso personalizado, que ao mesmo tempo toque dimensões que são transversais às formações”, acrescenta.

As Formações Transversais são organizadas como um conjunto de disciplinas que  compõem um ‘mini-currículo’, com carga horária mínima de 360 horas-aula. O estudante tem direito a um certificado próprio da formação escolhida, emitido pela Pró-Reitoria de Graduação. Também é possível cursar disciplinas isoladamente, para a integralização de créditos de Formação Livre ou de Formação Complementar Aberta, a critério dos colegiados de cada curso. As vagas remanescentes são abertas a alunos de pós-graduação e a pessoas da comunidade externa.

Aproveite e confira a reportagem da TV UFMG sobre uma das iniciativas da Formação Transversal em Saberes Tradicionais.

Formações transversais oferecidas pela UFMG 

Acessibilidade e inclusão
Culturas em movimento e processos criativos
Direitos humanos
Divulgação científica
Empreendedorismo e inovação
Gênero e sexualidade – perspectivas queer/LGBTI
Relações étnico-raciais, história da África e cultura afro-brasileira
Saberes tradicionais